Os socialistas candidatos pelos círculos da Emigração nas
legislativas de 27 de Setembro defendem a valorização da tutela das comunidades
e a mudança no relacionamento com os lusodescendentes, sem esquecer o respeito
pelos pioneiros da emigração.
"A ideia é criar uma estrutura dentro da secretaria de Estado das
Comunidades que permita ter uma ligação mais eficaz em domínios relacionados
com as comunidades, como a cultura a economia ou o turismo. A ligação a esses
domínios tem que ser operacionalizada", disse à agência Lusa o candidato
pelo círculo da Europa, Paulo Pisco.
Paulo Pisco recusa que as comunidades tenham vindo a perder importância na
estrutura governativa, como acusa o PSD, mas reconhece que existe
"necessidade de adaptação" da estrutura que tutela a área "para
responder melhor".
O candidato, que se for eleito regressará ao Parlamento sete anos após ter
ocupado o cargo pela primeira vez, promete empenhar-se em acções que promovam a
aproximação entre os emigrantes e as instituições dos países de acolhimento e
fomentem a sua visibilidade em Portugal.
"Há necessidade de pensar as comunidades de maneira diferente. Houve
uma grande transformação por causa das novas gerações, das mudanças
tecnológicas, da globalização e da facilidade de deslocação e, tudo isto, tem
grandes implicações na forma de relacionamento entre os emigrantes e o seu
país. Portanto tem que se adaptar o pensamento e a forma de relacionamento às
actuais circunstâncias", disse.
O cabeça-de-lista pelo círculo de Fora da Europa, Renato Leal, aponta a
necessidade de "fazer um esforço, utilizando novas metodologias, para que
as segundas e terceiras gerações continuem identificadas [com Portugal] e
ganhem novo orgulho em ser portugueses".
O candidato, que corre pela primeira vez nos círculos da emigração após
vários anos em
representação dos Açores, defende ainda a valorização do
ensino da língua e atenção especial às primeiras gerações.
"Temos que dar a devida atenção aos pioneiros da emigração,
designadamente aqueles que envelheceram e estão a sentir dificuldades nos
países de acolhimento. O Apoio Social aos Idosos Carenciados(ASIC) deve ser
reforçado e existir maior fluidez na informação sobre questões de segurança
social ou reformas", disse.
Sobre a sua eleição, num círculo onde o PSD conquista tradicionalmente os
dois lugares disponíveis, Renato Leal admite que a "luta é difícil",
mas "não impossível".
"Acredito que tenho condições de ser o segundo deputado eleito. Se
ganhar neste círculo será uma surpresa, mas penso que é expectável ser o segundo",
disse.
"Penso que grande parte do mérito que o PSD tem tido neste círculo fora
da Europa se deve sobretudo à ausência de políticas do Partido Socialista que
durante estes anos, salvo raríssimas excepções, primou pela ausência",
acrescentou.
Os socialistas, que nesta legislatura viram o seu projecto sobre o fim do
voto por correspondência dos emigrantes vetado pelo Presidente da República,
assumem no programa eleitoral o compromisso de promover a igualdade de direitos
cívicos e políticos destes portugueses, não considerando contudo prioritária
nova iniciativa sobre a matéria.
"O Presidente da República pronunciou-se e [o fim do voto por
correspondência] não é um assunto que esteja na agenda. A única coisa que temos
que fazer é alertar e informar os portugueses que no dia 27 o voto é por
correspondência porque neste momento há uma grande confusão na cabeça dos
emigrantes", sustentou Paulo Pisco.
Diário de Notícias, aqui.