O Governo aprovou hoje a reestruturação do Instituto Camões,
através da integração da rede de todos os graus de ensino da língua portuguesa
no estrangeiro e com a concessão de maior autonomia financeira para reforço das
receitas próprias.
No Conselho de Ministros, os objectivos inerentes aos três decretos de reforma
do Instituto Camões foram apresentados em conferência de imprensa pelos
ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e da Cultura,
Pinto Ribeiro.
"Com esta reforma pretendemos uma nova estratégia para valorizar e afirmar
o papel da língua portuguesa no mundo, tendo uma vocação universal",
declarou Luís Amado.
"A reestruturação permite ao Instituto Camões integrar as redes de ensino
de português no estrangeiro de forma mais eficaz. O Instituto Camões tinha até
agora apenas a responsabilidade da tutela e da gestão da rede de Ensino
Superior, dos leitorados, havendo um conjunto vasto de instituições de promoção
do ensino do português (pré-escolar, básico e secundário) que tinham a sua
tutela no Ministério da Educação", justificou o titular das pastas de
Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Segundo Luís Amado, com esta dispersão de tutela, verifica-se uma dificuldade
de racionalização dos recursos aplicados à promoção da língua portuguesa.
"Agora integramos as redes de ensino de português dos vários níveis, de
forma a aproveitar melhor os recursos e a dar nova racionalidade estratégica á
política da língua no estrangeiro", frisou.
Ainda de acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, a reforma permitirá
também uma maior articulação com a rede dos centros culturais.
"Haverá uma visão de conjunto dos meios que estão à disposição do
Instituto Camões para a promoção da língua e para a acção cultural
externa", sustentou, antes de salientar que, pela primeira vez, o
instituto se "abrirá no processo de decisão política".
"Sob tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o instituto será
coadjuvado por um conselho estratégico que terá a voz dos ministérios da Educação
e da Cultura. Este conselho estratégico passará a ter um papel decisivo na
definição das orientações e planeamento da actividade, tendo a participação
directas dos ministérios da Educação e da Cultura", apontou o ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Passo importante para a afirmação do Português
Ainda de acordo com Luís Amado, a reestruturação também tem uma componente de
reforma da gestão financeira, alargando a autonomia do instituto neste campo.
"O Instituto Camões poderá evoluir para um modelo de gestão mais ambicioso
na captação de recursos e de receitas próprias", defendeu Luís Amado,
antes de o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, também realçar o papel
que terá o Ministério da Ciência e Ensino Superior no novo modelo do Instituto
Camões.
Já o ministro da Cultura acentuou que a reforma de trata de "um passo
importante" para uma maior afirmação da língua portuguesa no mundo.
"Esta reforma da rede de centros culturais e a integração de todo o ensino
do português no estrangeiro é resultado da compreensão pelo Governo da
horizontalidade e transparência inerente à política de língua. A língua só pode
ser defendida em função da compreensão de que existem 250 milhões de falantes
do português", referiu o ministro da Cultura.
Pinto Ribeiro disse que a reforma teria de ser coordenada do ponto de vista
estratégico pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, integrando as
contribuições dos ministérios da Cultura e da Educação.
"Também a senhora ministra da Educação, que esteve ausente do Conselho de
Ministros, está motivada e contente com esta reforma. Daqui a pouco tempo,
quando for feita uma primeira avaliação desta reforma, esperamos que se
continuem a dar passos no domínio da política da língua, não apenas ao nível do
Instituto Camões", acrescentou.
Público, aqui.