Os quatro deputados
eleitos em Portugal por cidadãos que moram fora do país lamentaram a
elevada abstenção e defenderam a alteração do sistema de votação por
correspondência.
Calcula-se que a abstenção tenha sido superior a 90%, a mais elevada da
história, entre os cerca de 167 mil eleitores inscritos nos dois
colégios eleitorais pela emigração: Europa e Fora da Europa.
Em declarações à imprensa, José Cesário, reeleito pelo círculo Fora da
Europa, onde liderava a lista do Partido Social Democrata (PSD), disse
que o atual sistema de votação por correspondência deverá ser
substituído pelo voto eletrônico.
"Sabemos que este método, o voto por correspondência, não serve.
Dissemo-lo há muito tempo. Em 2005, quando estávamos no Governo,
testamos o método de voto eletrônico e pensamos que é um dos caminhos
possíveis", disse.
"Acho que os partidos devem conversar e encontrar uma solução que
permita uma maior participação neste tipo de eleições", defende.
Críticas
Carlos Gonçalves, também eleito pelo PSD, lamentou "o aspecto negativo de o número de eleitores ser extremamente reduzido".
De acordo com Gonçalves, existe uma "abstenção técnica nos votos da
emigração", exigindo que o processo seja revisto pelo Ministério da
Administração Interna.
"Porque não é normal. Porque só na França, em 66 mil eleitores, só 40 e
poucos mil é que receberam o boletim de voto", destacou, acusando os
consulados de "não fazerem o trabalho de casa", não atualizando o
endereço dos eleitores.
Gonçalves lembrou ter sido, enquanto secretário de Estado do Governo
português, quem lançou a experiência de voto eletrônico entre os
emigrantes, método que voltou a defender.
O único deputado eleito pelo Partido Socialista foi o líder de lista
pelo círculo da Europa, Paulo Pisco, que lamentou o fato de os
socialistas terem ficado "a poucos votos de eleger o segundo deputado".
Paulo Pisco lamentou também a elevada abstenção e destacou o facto de muitos votos terem sido anulados.
"Há que ver que houve perto de 3.000 votos que foram anulados. Num
universo de pouco mais de 26 mil votos é verdadeiramente excessivo e
isto obriga a que este sistema (de votação) seja repensado", ressaltou.
Agência Lusa, aqui.