Jorge Horta
No Brasil houve apenas 3.102 votos para as eleições portuguesas.
Lisboa - As eleições legislativas de 27 de
setembro em Portugal deram uma vitória ao Partido Socialista (PS), ainda que
sem maioria absoluta, mas se dependesse apenas dos emigrantes portugueses no
Brasil o Partido Social Democrata (PSD) teria ganho com ampla vantagem. Porém,
os dados agora revelados pela Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI)
mostram que neste acto participaram apenas 3.102 votantes.
Havia 53.347 votantes inscritos no Brasil. A taxa de participação de 5,8%
significa que apenas um em cada 20 portugueses no Brasil votou para as eleições
que definiram a composição do parlamento nos próximos quatro anos e a formação
do Governo. Eventualmente desmotivados pela distância das mesas de voto, os
portugueses no Brasil poderão ter tido outro factor de desmobilização: na
verdade os votantes de fora da Europa elegiam apenas dois dos 230 deputados
portugueses.
O índice de participação no Brasil caiu significativamente face às anteriores
legislativas. Em 2005 vieram do Brasil 5.240 votos, correspondentes a 19,96% do
total de inscritos, que eram na altura 26.258, ou seja, metade do número de
inscritos actualmente.
Em 2009, como em 2005, manteve-se a preferência pelo PSD no Brasil. Nestas
legislativas 57,5% dos votos brasileiros foram para o PSD, 20,86% foram para o
PS, 2,64% para o CDS, 2,1% para a coligação Movimento Partido da Terra -
Partido Humanista e 1,13% para o novo Movimento Esperança Portugal. Todos os
outros partidos (incluindo o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português,
que têm assento no parlamento) ficaram com votação inferior a 1%. Nas contas
agora reveladas, 11% dos votos foram nulos.
Em termos absolutos, o PSD obteve no Brasil 1.784 votos, o PS 647, o CDS teve
82 e o MPT-PH ficou com 65. Registo ainda para 35 votos no MEP, 30 no Partido
Nova Democracia, 29 no Bloco de Esquerda, 22 no PCP, 21 no Partido Popular
Monárquico, 14 no PPV, nove no PNR, seis no PCTP/MRPP e quatro no MMS.
Fora de
Portugal o PS teve mais votos... mas menos deputados
Tal como em Portugal, fora do país o PS, de José Sócrates, foi o partido mais
votado. No entanto, a superioridade no número de votos não garantiu uma
vantagem nos mandatos que estavam em disputa fora de Portugal. Depois de
eleitos 226 deputados em Portugal, restavam quatro assentos, vindo dois da
Europa e outros dois de fora da Europa.
O PS obteve 35,9% dos votos dos emigrantes, num total de 9,135 votos. Já o PSD
registou 8.706 votos, correspondentes a uma percentagem de 34,2%. Só que, em
resultado da forma de contabilização e distribuição dos mandatos, os
socialistas acabaram por ganhar apenas um deputado pela emigração, enquanto o
PSD ficou com três.
Isto sucedeu porque na Europa estavam em disputa apenas dois lugares. Dada a
concentração de votos no PS (43%) e no PSD (23,7%), os resultados apuraram
atribuíram um mandato a cada um destes partidos. A vantagem conseguida pelo PS
não foi suficiente para ganhar os dois deputados do círculo da Europa.
No círculo de fora da Europa (o que inclui o Brasil) a situação foi diferente.
Estavam em disputa também dois assentos no parlamento português. Mas o PSD
obteve neste círculo uma maioria de 54,5%, suficiente para ganhar os dois
mandatos. Os 22% obtidos pelo PS não chegaram para eleger um deputado pelo
círculo de fora da Europa.
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