Pela primeira vez, uma
editora venezuelana iniciou a distribuição de livros para o ensino da Língua
Portuguesa em Caracas, uma iniciativa decorrente de um acordo entre as empresas
portuguesa Lidel e a venezuelana Colegial Bolivariana.
Os livros - que, de momento, são enviados de Portugal - encontram-se à venda em
Los Ruices, na livraria da editora e são constantemente folheados curiosamente
por clientes e leitores de diferentes idades, que alegam as mais variadas
razões para se interessarem pela língua portuguesa.
"Houve um acordo para começar com uma fase de distribuição de livros de ensino
do português e, se o mercado o justificar, fazer algum tipo de co-edição entre
as duas editoras, isto é, poderíamos inclusive imprimir os livros na
Venezuela", explicou o gerente da Colegial Bolivariana, Luís Miguel Juzgado, à
Agência Lusa.
Adiantou que a venda foi coordenada com os centros de ensino de português e foi
iniciada a distribuição, tendo a Lídel expedido uma grande variedade de livros
de diferentes níveis para crianças e adultos, alguns deles de leitura.
"Temos neste momento variedade, alguns maiores que são os seleccionados pelos
educadores, e uma diversificação de temas à disposição na livraria para quem se
interessar por algo mais", frisou.
A livraria foi alvo, quarta-feira, de uma visita da cônsul-geral de Portugal em Caracas, Isabel Brilhante
Pedrosa, que referiu a "enorme satisfação" de "ver no terreno uma resposta a
uma necessidade que se fazia sentir há muito entre a comunidade portuguesa que
reclamava que não tinha materiais para os cursos de língua portuguesa".
Recordou que "os alunos recorriam sistematicamente ao uso de fotocópias, o que
além de ser ilegal, é também, do ponto de vista pedagógico, pouco
recomendável".
"A partir deste momento têm a possibilidade de adquirir em Caracas um conjunto
de manuais e livros de exercícios, o que é um passo muito importante e muito
positivo para a expansão da língua portuguesa na Venezuela", disse.
Entre os curiosos, estava Francy de Barros, uma venezuelana que se inscreveu
num curso de Língua Portuguesa, no Colégio Virgem de Fátima.
Questionada sobre a razão para comprar um livro, alegou tratar-se de uma
questão amorosa.
"Estou casada com um português há 21 anos e não falo português. Estive em
Portugal, em Maio, e toda a família, ainda que muitos deles falem espanhol
porque cresceram aqui na Venezuela, me dizia que tenho de falar português".
"No próximo ano, vamos outra vez a Portugal e quero fazer-lhes a surpresa de
que falo português - ou que pelo menos entendo", concluiu.
Público, aqui.