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Portugueses emigrados visitam Portugal meio século depois
2009-05-11

O antigo militar António Rosa da Cruz, 73 anos, natural do Seixal e há quase meio século radicado em Díli, onde constituiu família, foi um dos seleccionados pelo programa "Portugal no Coração" para visitar a terra natal.
A secção consular da Embaixada de Portugal em Díli revelou à Agência Lusa que António Cruz, sem meios para fazer esta viagem, foi apurado entre duas dezenas de candidatos e partiu sexta-feira (8) para Lisboa.
António da Cruz é natural do Seixal, onde nasceu em 1937, vindo para Timor-Leste em 1959, como soldado português.
Terminado o serviço militar, ficou a trabalhar na Sociedade Agrícola Pátria e trabalho, onde ainda hoje é vendido o muito apreciado café de Timor.
Depois do 25 de Abril de 1974 em Portugal, apesar da guerra civil em Timor-Leste que se seguiu e da invasão da Indonésia em 1975, ficou no território, acabando por perder todos os bens, segundo uma nota consular a que a Agência Lusa teve acesso.
Em 1999 - ano da consulta popular que resultou na independência de Timor-Leste -, foi parar a um campo de refugiados em Atabua, Timor-Ocidental (Indonésia).
O programa "Portugal no Coração, promovido pelo gabinete do secretário de estado das Comunidades, "tem como objectivo levar ao país de origem cidadãos nacionais com mais de 65 anos e sem meios, residentes há pelo menos uma década fora da Europa.
Casal de idosos portugueses conta as horas para rever terra natal
Também um casal de idosos portugueses radicados na Venezuela e seleccionado  para participar no programa "Portugal no Coração" passou os últimos dias a"contar as horas" para viajar a Lisboa, disse à Lusa João Vicente Câmara, há mais de meio século longe da terra natal.
"Eu nunca perdi a esperança (de voltar a ver a terra), foi onde nasci e eu quero Portugal. A minha esposa está contente. Vamos à nossa terra e vamos estar um mês na Madeira", afirmou o emigrante português.
João Vicente Câmara e Lurdes Augusta dos Reis, ambos de 77 anos e originários da Ribeira Brava, Madeira, estão emigrados na Venezuela desde 1952, tendo sido seleccionados para participar na edição de Maio do programa "Portugal no Coração".
É frequente a participação de emigrantes na Venezuela, mas pela primeira vez a selecção abrange um casal.
Na passada terça-feira (5) João Vicente Câmara esteve no Consulado de Portugal em Caracas onde recebeu as passagens, das mãos da cônsul-geral, Isabel Brilhante Pedrosa, e as instruções a seguir.
O casal viajou sexta-feira (8) para Lisboa onde participará, durante duas semanas no programa "Portugal no Coração", e depois deslocar-se-á à Madeira, onde permanecerá um mês.
Radicado na cidade de Los Teques, a sul de Caracas, em declarações à Agência Lusa, João Vicente Câmara não escondeu a emoção por voltar à sua terra, quevisitou pela última vez em 1980: "Pelo que vi na televisão as coisas mudaram muito."
Com três filhos, uma rapariga e dois rapazes, emigrou de Portugal para o Brasil, onde permaneceu nove meses, partindo depois para Caracas.
"Nesse tempo passava-se muita amargura e não tínhamos facilidades para  conseguir o que precisávamos. Não podíamos estar em Portugal, porque não havia (recursos) para poder viver. No Brasil não existia o problema da língua, mas o dinheiro não tinha valor e havia que trabalhar para poder enviar ao pai, mãe, avós e tios, porque eram pobres", disse.
"Se não fosse a Segunda Guerra, não teríamos saído para o estrangeiro, porque sempre estamos melhor na nossa terra que numa terra alheia, mas a necessidade obrigou", disse João Vicente Câmara que de imediato sublinhou que também gosta da Venezuela.
Em Caracas trabalhou na fábrica da Golden Cup, como vendedor, depois foi  motorista de carrinhas e autocarros de passageiros: "Sempre fui amigo de trabalhar, nunca fui 'cuerda floja' (preguiçoso), mas Deus não me ajudou."
Situada em Los Teques, a Golden Cup nasceu em 1948 pelas mãos de um grupo de investidores portugueses. Produziu o primeiro refrigerante de maçã, o manzanita", com o qual conquistou o mercado nacional. Fabricava ainda os desaparecidos Crown Cola e Laim (com sabor a limão). Em 1992 a fábrica foi comprada pela Cervecería Polar (Pepsi Cola).
João Vicente Câmara vê com frequência a RTP-I mas não telefona para participar nos programas: "Não posso, estou "flaco" (teso)."
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