O funcionamento dos consulados, o ensino do português e o movimento
associativo são alguns problemas que representantes de portugueses no
estrangeiro esperam que o secretário de Estado das Comunidades resolva na
próxima legislatura.
"As questões relacionadas com o ensino
deveriam ser uma das questões prioritárias", disse à Agência Lusa o
presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL),
Coimbra de Matos.
Para o dirigente associativo, o problema dos
recursos humanos no consulado do Luxemburgo, "que provoca filas enormes à
porta desde cedo", o apoio ao associativismo, questões ligadas à pobreza e
o recenseamento eleitoral são outros assuntos que devem merecer a atenção do
Governo.
Quanto à recondução de António Braga na pasta
da Emigração, Coimbra de Matos disse não estar "de todo descontente".
"Foi uma pessoa que soube ouvir e esteve
atento aos problemas. Poderá prosseguir com alguns trabalhos que já fez",
afirmou.
Pelo contrário, a presidente da Federação das
Comunidades Portuguesas na Holanda, Teresa Heimans, mostrou-se
"surpreendida" com a recondução de António Braga.
"Surpreendeu-me. Nos encontros que tive
com ele, informou-nos de que não teria um segundo mandato", disse à Lusa.
"Para vir outro que faça menos ou que não
tenha atenção para com as comunidades, não acho mal que continue o António
Braga, apesar de o seu mandato não ter satisfeito nem 50 por cento das
necessidades da comunidade", afirmou Teresa Heimans, também conselheira
das Comunidades Portuguesas.
A dirigente associativa apontou as questões
sociais que atingem as comunidades, como os problemas dos trabalhadores
sazonais, a falta de funcionários nos consulados e os apoios ao movimento
associativo como as áreas prioritárias para a próxima legislatura.
O presidente da Associação dos Autarcas
Portugueses em França
(CIVICA), Paulo Marques, disse à Lusa ser "interessante
que seja o mesmo secretário de Estado das Comunidades".
"Assinámos um protocolo com o secretário
de Estado para desenvolver a articulação entre Portugal e os autarcas de origem
portuguesa em França. Esperemos ter novamente um eco positivo nas nossas
organizações", referiu.
Paulo Marques apontou ainda a falta de diálogo
do Governo português como um dos pontos fracos da anterior legislatura.
"Tem de haver mais articulação entre a
Secretaria de Estado das Comunidades, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e
outros ministérios", defendeu, dando o exemplo do Governo francês, onde
essa articulação é feita.
Por seu lado, o secretário-geral do Sindicato
dos Trabalhadores Consulares e Missões Diplomáticas (STCDE), Jorge Veludo,
disse não ter ficado surpreendido com a recondução de António Braga.
"Não ficámos surpreendidos com a
recondução, quer do ministro, quer do secretário de Estado", afirmou.
Jorge Veludo disse ainda que o sindicato
"não está satisfeito com a orientação que o Governo vem assumindo nos
últimos tempos, nomeadamente procurando remeter o enquadramento legal dos
trabalhadores dos serviços externos para a legislação local".
"É um poço sem fundo", afirmou o
sindicalista, prometendo que irá lutar "com todos os meios à
disposição" contra a revisão para o enquadramento legal.
Diário de Notícias da Madeira, aqui.