Dez portugueses foram detidos pela Guardia Civil de Navarra, em Espanha, pela prática de crimes "contra os direitos dos trabalhadores". Em causa estão outros portugueses, no total de 64, que durante o último ano foram escravizados em produções agrícolas de La Ribera, uma zona rural entre a Catalunha e o País Basco.
De acordo com fonte oficial do gabinete de relações públicas da Guardia Civil, "este é o resultado da ‘Operacion Carriña', cujas investigações começaram em Outubro do ano passado, depois de a Guardia Civil ter constatado a presença na zona de La Ribera de cidadãos portugueses referenciados por exploração de compatriotas".
Segundo o CM apurou junto das autoridades espanholas, um total de 64 pessoas acabaram por ser libertadas das explorações agrícolas onde eram retidas e obrigadas a trabalhar de sol a sol. "Raramente eram pagos." As mesmas fontes revelaram ao CM que quase todos os envolvidos - tanto os escravizados como os seus ‘patrões' - são provenientes de Trás--os-Montes.
Os dez detidos são todos homens e têm idades entre os 26 e os 48 anos. Apesar de viverem em Espanha há já alguns anos, são provenientes, tal como as dezenas de vítimas, de terras como Alfândega da Fé, Mirandela, Murça, Macedo de Cavaleiros ou Vimioso.
Todos os detidos portugueses foram entregues pela Guardia Civil às autoridades judiciais competentes e vão ser julgados em Espanha pela prática de crimes contra os direitos dos trabalhadores.
PORMENORES
PROMESSAS
Às vítimas era prometido "bom salário, alojamento e comida." Em Navarra dormiam em casebres, comiam uma vez por dia e raramente eram pagos.
VIDA FÁCIL
A Guardia Civil refere que o esquema "permitia aos ‘patrões' obter benefícios económicos tão grandes que podiam viver sem realizar qualquer outro trabalho".
SEQUESTRO
Algumas das vítimas chegaram a estar sequestradas pelos seus ‘empregadores'. Outras tinham de pedir autorização para sair dos quartos.
João C. Rodrigues/ Liliana Rodrigues
Correio da Manhã, aqui.