"Um português que vai trabalhar para a Galiza tem, à partida, a garantia de um salário bem mais elevado, mas pelo mesmo trabalho não ganha tanto como um trabalhador galego, nem pouco mais ou menos", disse à Lusa, Branco Viana, à margem da reunião do Conselho Sindical Inter-Regional (CSI) Galiza/Norte de Portugal, que decorreu em Vigo no passado dia 20.
"Somos a favor da mobilidade laboral, mas uma mobilidade com direitos e com regras. Para trabalho igual, salário igual e condições iguais", referiu o responsável que falou em "situações pouco claras" ao nível da fiscalidade e dos horários laborais dos portugueses que trabalham na Galiza, onde "muitas vezes acabam por cumprir jornadas de trabalho impensáveis e ilegais".
Segundo números avançados em finais de 2008 pelo coordenador executivo do CSI, o espanhol Xabier Dongil, haverá nas duas regiões perto de 15 mil trabalhadores no sector da construção naval, sendo que há uma "notável" diferença salarial entre o Norte de Portugal e a Galiza, favorável a esta região autónoma de Espanha.
Na Galiza um trabalhador ganha "bem acima" dos mil euros, enquanto que no Norte de Portugal se poderá ficar pelos 700. A coordenadora do gabinete transfronteiriço Eures, Teresa Ventin, sublinha que o nível salarial é mais elevado na Galiza em todos os sectores de actividade.
Segundo Teresa Ventin, serão à volta de 20 mil os trabalhadores "legalizados" que diariamente atravessam a fronteira para trabalhar no Norte de Portugal e na Galiza.
"Destes, apenas 3.000 fazem a deslocação Galiza - Norte de Portugal, para trabalhar essencialmente no sector da saúde. Os restantes são portugueses que trabalham na Galiza, sobretudo na construção civil e também na construção naval", explicou.
Mundo Português, aqui.