Os subscritores afirmam que ao longo dos 15 anos, Jürgen Adolff, não realizou "nenhuma acção" para apoiar "interesses, actividades ou acontecimentos" relacionados com a comunidade portuguesa e destacam que o cargo "tem-lhe permitido um aproveitamento pessoal"nas suas actividades comerciais. Mas mais do que a substituição do actual cônsul honorário, pedem uma maior proximidade entre as autoridades portuguesas e a comunidade residente naquele estado alemão, como explicou a «O Emigrante/Mundo Português», um dos responsáveis pela elaboração do abaixo-assinado.
No documento endereçado ao ministro dos Negócios Estrangeiros, ao secretário de Estado das Comunidades e ainda ao embaixador de Portugal na Alemanha e ao cônsul geral em Estugarda, os subscritores pedem a substituição de Jürgen Adolff, afirmando que para além do "aproveitamento pessoal"do cargo que ocupa desde 1994, não tem realizado nenhuma acção para dinamizar as potencialidades da comunidade portuguesa.
"Não é possível apontar ao Senhor Jürgen Adolff qualquer gesto em prol de Portugal ou dos portugueses", para além da "cedência do espaço onde, uma vez por mês, o funcionário consular vindo de Estugarda, exerce a sua actividade", lê-se no texto do documento.
No abaixo-assinado questionam ainda o facto do cargo ser exercido há mais de 15 anos por um cidadão alemão, quando residem na Baviera "vários cidadãos portugueses" radicados há vários anos, "com intervenção reconhecida ao mais alto nível nas esferas política, económica e cultural" disponíveis para desempenhar o cargo
Os subscritores afirmam que a comunidade portuguesas merece ser representada por alguém que "reconheça e apoie a sua dinâmica e espírito de iniciativa" no estado mais rico da Alemanha, e pedem a nomeação de uma pessoa "empenhada em promover o intercâmbio económico e cultural entre Portugal e o estado federal da Baviera, dignificando com o seu empenho todos os portugueses".
Distanciamento da comunidade
O documento deverá seguir agora para as autoridades portuguesas, mas os subscritores pretendem entregá-lo pessoalmente.
"Estamos a desenvolver esforços para conseguirmos uma reunião com o embaixador de Portugal na Alemanha e uma audiência com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, porque não queremos apenas enviar o documento, mas explicar pessoalmente os motivos que levaram a avançar com o pedido de substituição do cônsul honorário" explicou a «O Emigrante/Mundo Português», um dos responsáveis pela elaboração do abaixo-assinado.
A mesma fonte explica que todos os portugueses a quem conseguiram informar acerca do documento, subscreveram-no e sublinha que muitos dos que contactaram "não sabiam da existência de um cônsul honorário". "Há um grande distanciamento, a indiferença é enorme em relação à comunidade e não há uma preocupação por parte do cônsul honorário em estar próximo dessa mesma comunidade", queixa-se.
Diz ainda que há "todo um trabalho que pode ser desenvolvido junto dos portugueses" que compõem uma comunidade que evoluiu muito nos últimos 15 anos.
Por isso, para além da substituição do actual cônsul honorário por um português, os subscritores do abaixo-assinado pretendem a dinamização das relações entre Portugal e uma comunidade cujo contributo pode ser muito maior.
"Munique, e a Baviera em geral albergam grandes empresas que têm negócios com Portugal e nas quais trabalham muitos portugueses, nomeadamente em quadros de destaque", revelou a mesma fonte acrescentando que estes podem ajudar a "criar sinergias com os alemães e com a comunidade empresarial em Portugal".
A fonte contactada pelo Emigrante/Mundo Português destaca o "fluxo constante" de portugueses que têm "carreira de destaque quer a nível cultural, quer empresarial", em "instituições da investigação ao ensino" mas que, assim como a comunidade em geral, são representados "por alguém que tem outros interesses".
"Esta é uma comunidade histórica, muito interessante, com pessoas de diversas vivências", sublinha, lamentando o facto de terem perdido o consulado de carreira "que era muito mais dinamizador" e servia uma região "que tem o tamanho de Portugal". Mas, na impossibilidade de ser servida directamente por um consulado, a fonte sublinha que é preciso "medir" a comunidade e "ir ver quem cá está". Para tal, afirma, precisam de "uma nova pessoa que faça um trabalho de qualidade".
A.G.P.
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