por Rosa Ramos, Publicado em 12 de Dezembro de 2009
Os portugueses são a terceira maior comunidade estrangeira a residir na Suíça. São mais de 205 mil e, segundo os úiltimos números, quase 10 mil estão desempregados. Depois da polémica aprovação, no fim de Novembro, da interdição da construção de minaretes das mesquitas, o parlamento suíço prepara-se para enfrentar uma nova prova de fogo relacionada com as comunidades imigrantes.
O partida da extrema-direita, a União Democrática do Centro (UDC), volta à
carga, com outra proposta arrojada: a extradição automática dos estrangeiros
que cometam crimes em
território suíço. A proposta poderá ser referendada já em
2010, caso o Parlamento aprove a lei. Se isso contecer, o país vai
confrontar-se com um choque com as convenções internacionais em matéria de
direitos humanos.
De acordo com os dados fornecidos ao i, actualizados em Setembro, há
1991 portugueses em
prisões estrangeiras. No entanto, na Suíça, segundo a
Secretaria de Estado das Comunidades, o "número de portugueses detidos é
residual" e não ultrapassará uma dúzia.
Mas para já, a comissão suíça sobre as instituições políticas tem a difícil
tarefa de decidir, até ao início de 2010, se o texto proposto pela UDC é, ou
não, compatível com o principio da não-repulsão, patente na Convenção de
Genebra de 1951 sobre o estatuto dos refugiados.
A iniciativa da UDC propõe-se a alterar a Constituição, de forma a que todos os
estrangeiros que sejam condenados por crimes de violação, homicidio,
banditismo, tráfico de droga e de seres humanos, além do abuso de beneficios
sociais sejam imediatamente expuslos do país. Além disso, ficarão proibidos de
regresar à Suíça durante um período que pode variar entre os cinco e os 15
anos.
Caso a lei passe, o governo terá de lidar com uma série de conflitos, já que a
extradição automática vai contra os principios da proporcionalidade e da
protecção da vida privada e familiar consagrados na constituição.A medida
chocará, por outro lado, com a Constituição Europeia dos Direitos do Homem, a
Convenção Internacional dos Direitos da Criança e com o acordo da livre
circulação de pessoas assinado com a União Europeia. "Não vejo como
Bruxelas possa aceitar que a Suíça enverede por este caminho", comentou ao
jornal "Le Monde" um dos mais conceituados juristas suíços, Andres
Auer. Entretanto, a direita burguesa está a estudar a possibilidade de travar a
UDC apresentando um contra-projecto menos radical e que preconiza a extradição,
mas só em caso de crimes graves.
i, aqui.