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Luxemburgo: Desemprego e falta de acesso a formação preocupam embaixador português
2009-12-14
O embaixador de Portugal no Luxemburgo afirmou estar “muito preocupado” com o desemprego entre a comunidade portuguesa, sublinhando que muitos desempregados não conseguem aceder a cursos de reinserção profissional devido ao insuficiente domínio do francês escrito. Este foi um dos temas abordados por Pessanha Viegas numa reunião com a ministra da Educação e Formação Profissional do Luxemburgo, onde foi ainda tratada a questão do reconhecimento naquele país, dos certificados portugueses do 12º ano.

"Existe uma percentagem muito elevada de portugueses no desemprego. Enquanto a população portuguesa representa 16 por cento da população total do Luxemburgo, a percentagem de desempregados atinge 32 por cento do total dos desempregados, cerca do dobro da própria representação portuguesa. Este é um problema que nos preocupa muito, talvez mais que todos os outros", disse Pessanha Viegas à Agência Lusa.
O embaixador adiantou que este problema é agravado pelo facto de muitos portugueses no desemprego não terem acesso aos cursos de formação ou reinserção profissional. "Para ter acesso a cursos de formação ou de reinserção profissional é preciso ultrapassar um teste de acesso e os portugueses, devido ao deficiente conhecimento da língua francesa escrita, muitas vezes têm dificuldades em passar esses testes e nem sequer têm acesso aos cursos de formação", disse.
O acesso dos portugueses à formação profissional no Luxemburgo foi um dos principais temas abordados por Pessanha Viegas numa reunião, este mês, com a ministra da Educação e Formação Profissional do Luxemburgo, Mady Delvaux-Stehres.
"A ministra da Educação é o quarto membro do Executivo luxemburguês com quem abordo este problema e esperamos que a curto prazo se encontre uma solução", disse o embaixador, adiantando que a resolução desta questão poderá passar por traduzir os testes para Português, fazer testes orais ou fazer estabelecer um acordo com um instituto congénere de formação profissional em Portugal.
O embaixador sublinhou que os mais afectados são portugueses que vivem no Luxemburgo há muitos anos e para os quais é preciso encontrar uma solução localmente, adiantando que a ministra luxemburguesa prometeu abordar o assunto com os outros ministros envolvidos. Para Janeiro, estão previstos novos contactos entre as autoridades dos dois países sobre este tema.

Ministra garante certificados

No encontro entre a ministra Mady Delvaux-Stehres, o diplomata português abordou ainda a questão do reconhecimento pelo Luxemburgo dos certificados portugueses do 12.º ano.
No início deste mês, o dirigente da Colectividade da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), Coimbra de Matos afirmava que o Governo luxemburguês não reconhece as habilitações do 12.º ano aos alunos portugueses que pretendem ingressar na universidade naquele país.
De acordo com o dirigente associativo, "há acordos entre Portugal e o Luxemburgo que estabelecem que o 13.º ano luxemburguês (o secundário tem mais um ano) equivale ao 12º português". "Há também directivas europeias que estabelecem estas equivalências automaticamente", acrescentou.
No entanto, o Ministério da Educação luxemburguês está a actuar "contra tudo o que está estabelecido", acusou. Coimbra de Matos alertou ainda que a falta de reconhecimento das habilitações não acontece apenas no ensino secundário, estendendo-se também ao superior.
Sobre esta questão, o embaixador revelou que a ministra "deu-nos a garantia de que neste momento os diplomas são reconhecidos sem problema".

 

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