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Jovens licenciados portugueses querem fugir à crise
2009-12-14
Nuno Oliveira, um engenheiro mecânico de 25 anos, há um ano a trabalhar no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), em Genebra, é um exemplo do perfil dos “novos emigrantes” portugueses que procuram emprego na Suíça.

Jovens, com habilitações académicas e à procura do primeiro emprego são o retrato da "nova vaga" da emigração portuguesa para a Suíça, que está a aumentar, tendo mais de dez mil portugueses chegado àquele país no último ano.
 Nuno Oliveira terminou o curso na Universidade de Aveiro em Julho de 2007 e esteve um ano a trabalhar em Portugal.

 Durante o ano passado, a vontade de ter uma experiência internacional começou a fazê-lo pensar em ir trabalhar para o estrangeiro.
 "O facto de não estar a gostar muito da função que exercia em Portugal ajudou a ganhar coragem", contou à Lusa.
 Nuno Oliveira vai agora iniciar o segundo ano do estágio no CERN.

 "Gostava de continuar por aqui mais uns anos, mas quero voltar a Portugal. Espero, quando o decidir, não me desiludir com o que encontrar", disse.
 A família, namorada e amigos são os factores que pesam na decisão de o jovem engenheiro mecânico querer regressar a casa, já para não falar do sol, de que sente falta.

 Quem não pensa em regressar tão cedo é José Gabadinho, de 35 anos.
 Licenciado em Engenharia Informática e de Computadores e com uma pós-graduação em Gestão, este português está a trabalhar na área da investigação em Brugg, na Suíça alemã.
 Admitindo estar "farto" de viver em Portugal, José Gabadinho disse ter encontrado na Suíça a qualidade de vida que ambicionava.
 "Sem família a sustentar e sem nenhum aperto financeiro que me impedisse de arriscar o ordenado seguro que ganhava, não havia grandes razões para ficar em Portugal, além do conforto de estar com a família e amigos", contou o engenheiro informático à Lusa.

 O desejo de conhecer outros métodos, tecnologias, pessoas e de trabalhar noutro país, aliado à falta de respeito que sentia enquanto profissional e ao reduzido leque de escolhas que tinha para trabalhar em Portugal, foi decisivo para sair do país.
 "Não me sentia respeitado: sempre senti que a afirmação de individualidade não era bem-vinda na vasta maioria da sociedade", contou à Lusa, acrescentando que se sentia "ignorado como profissional, em comparação a outros com qualificações semelhantes ou mesmo inferiores, insultado como cliente/consumidor e, à falta de melhor termo, violado como eleitor".

 Aos 29 anos saiu para ir trabalhar para a Suíça, onde esteve um ano a trabalhar também no CERN, mas o trabalho "acabou por não ser muito interessante".

 Foi para França para outro instituto de investigação e, quatro anos depois, regressou à Suíça.
 "Não escolhi pela segunda vez a Suíça pelo facto de já cá ter estado, foi apenas por acaso. Mas a qualidade de vida que procurava limitavam a escolha: ou a Suíça ou provavelmente a Holanda", relatou à Lusa.
 José Gabadinho tem contrato por mais um ano e meio, mas admite ficar mais tempo naquele país.
 "Quanto mais tempo passo no estrangeiro, menores são as probabilidades de voltar a Portugal", admitiu.

 "Não vejo uma sociedade civil mais atenta, nem uma melhor educação para os futuros cidadãos, nem uma justiça mais justa, nem uma política mais responsável, nem uma distribuição de riqueza mais equilibrada, nada", concluiu.

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