Os açorianos que actualmente pretendem emigrar para criar riqueza, estão a optar por deslocações temporárias para a Bermuda, em detrimento dos Estados Unidos da América e Canadá.
Segundo dados da Direcção Regional das Comunidades, a média dos últimos anos indica que saem dos Açores, entre 100 a 200 pessoas, com destino à Bermuda, enquanto os vistos emitidos para os Estados Unidos da América não ultrapassam os 60, por ano.
Rita Dias, directora regional das Comunidades, frisa que a emigração com destino à Bermuda é destinada a preencher vagas no mercado de trabalho, "porque todas as pessoas que emigram para essa Região partem com um contrato de trabalho aprovado pelos serviço de emigração da Bermuda".
A situação com os EUA é diferente, porque os vistos de emigração não apresentam essa indicação específica, existindo partidas de emigrantes que "são unificações familiares ou procura de trabalho".
No entanto, Rita Dias considera que "os números da emigração são extremamente residuais se comparados com décadas anteriores", motivado pela evolução registada nos Açores, nos últimos anos.
"Actualmente, os Açores funcionam mais como porta de entrada do que porta de saída. A região transformou-se, é uma Região com desenvolvimento sem igual e com potencialidades muito elevadas. As pessoas já não necessitam de sair, como faziam no passado, em busca de uma oportunidade para uma vida melhor", constata a responsável pela pasta das comunidades.
Rita Dias destaca que os jovens "querem viver nos Açores", após concluir o ensino superior, porque sentem que "é uma região segura, com um clima óptimo e oferta de trabalho".
A recente crise financeira mundial também contribuiu para reduzir a emigração açoriana. A redução de postos de trabalho em zonas onde existe uma grande instalação das comunidades açorianas, sobretudo nos Estados Unidos da América, provocou problemas a diversos emigrantes.
"A crise financeira criou problemas a todas as pessoas. As nossas comunidades não foram excepção, mas, como é uma emigração consolidada e com uma forte estrutura comunitária, não houve situações muito graves", sublinhou Rita Dias.
A Direcção Regional "não recebeu nenhum pedido de ajuda de forma directa de emigrantes para regressar aos Açores", segundo informou a responsável deste organismo, admitindo que "as organizações das comunidades possam ter concedido algum apoio em caso de necessidade".
Aliás, o número de pessoas que regressaram aos Açores, provenientes dos EUA, "não foi superior ao verificado nos últimos anos".
4 mil imigrantes nos Açores
Actualmente a Região é considerada um local de chegada de imigrantes, sobretudo provenientes do Brasil e Cabo Verde, as duas comunidades estrangeiros com maior representatividade nos Açores.
Segundo dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras existem cerca de 4 mil imigrantes nos Açores, e a maioria trabalha no sector da restauração ou serviços.
Rita Dias analisa que "trata-se de uma comunidade bem inserida, que não cria problemas", sendo classificada "como pessoas de trabalho, que mantêm as suas tradições e valores".
Luís Pedro Silva
Açriano Oriental, aqui.