IVETE CARNEIRO
A saída de portugueses à procura de melhor vida no estrangeiro está a aumentar, de acordo com a percepção dos conselheiros das comunidades e de várias organizações não-governamentais.
O fenómeno, dizem, atinge níveis dos anos 60 e poderá influenciar positivamente os números do desemprego.
A percepção não parece, contudo, ser unânime. Há quem entenda o contrário. E a verdade é que não há números a defender nenhuma das teses. Manuel Beja, que avalia os fluxos migratórios no seio do Conselho das Comunidades, usa o exemplo da Suíça, onde vive. "No ano passado, entravam em média mil portugueses por mês. Hoje são 200 mil. Há uns anos, não era assim". O grosso dos novos emigrantes, garante, são jovens desempregados ou à procura do primeiro emprego, o que lhe permite depreender que o desemprego só não é superior em Portugal graças a esse fluxo.
Contactado pelo JN, o sociólogo do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Rui Pena Pires - que se debruça sobre fluxos migratórios - revela uma visão diferente. "A crise não é portuguesa. Da mesma maneira que há quem saia, há quem venha de outros países por causa da crise", como recentemente alertou, aliás, a Organização Internacional das Migrações.
Pena Pires admite, contudo, que, antes da crise, havia grandes fluxos de saída. Mas não influenciavam o desemprego, na medida em que Portugal também é um país de imigrantes. Tal como agora, não acredita nessa influência, dado que os estrangeiros que vivem cá também têm dificuldades de emprego.
Jornal de Notícias, aqui.