por Lusa
A introdução do Português como língua opcional curricular no sistema escolar andorrano é "difícil" mas "não é impossível" e o tema continua a ser estudado pelo Governo, afirmou à Lusa a ministra da Educação e Cultura andorrana, Susanna Vela.
Em entrevista à Lusa em Andorra la Vella, a ministra da Educação afirmou que a proposta ainda em estudo pelo Governo contemplaria, a concretizar-se, a introdução do Português como língua opcional, dentro do currículo escolar, mas apenas nos últimos anos de escolaridade.
"É uma proposta de trabalho para ver que possibilidades reais há", afirmou Vela.
"É difícil. Estamos a estudar o caso, a ver a percentagem de alunos repartidos pelos centros educativos. E quase 35 por cento dos alunos de nacionalidade portuguesa estão no sistema andorrano. É algo a ter em conta", sublinhou.
Em Andorra, país que o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, visita de sexta feira a domingo, vivem cerca de 14 mil portugueses, que representam 16 por cento da população.
A complexa estrutura educativa do Principado é composta por três sistemas - o espanhol e o francês, onde os professores são pagos por Espanha e França, e o nacional, andorrano, financiado exclusivamente pelo Estado de Andorra.
"É um privilégio que os pais possam decidir qual dos sistemas querem para os seus filhos. Mas isto tem uma complexidade acrescida", admitiu Vela, considerando que no caso do sistema nacional as línguas são "pilares basilares" da educação.
No caso do sistema nacional, os alunos têm quatro línguas obrigatórias, introduzidas progressivamente: o catalão e francês que aprendem desde a primária e, posteriormente, o espanhol e o inglês.
"É uma questão puramente técnica porque temos quatro línguas obrigatórias. Por isso, o português que se está a oferecer, oferece-se nas horas de almoço" disse a ministra, recusando que esses horários seja desmotivantes para os alunos porque as aulas têm "êxito".
Um cenário que, insistiu, por questões técnicas e de calendário escolar, torna complicado introduzir qualquer outra língua estrangeira.
"É complicado introduzir outra língua porque as horas de docência são o que são. Isso não quer dizer que seja impossível", reafirmou.
"Comprometemo-nos a estudar a possibilidade de introduzir o Português como língua opcional nos últimos anos do secundário. Se pudermos dar aulas de português, daremos", disse ainda.
Vela destacou o facto de que a comunidade portuguesa está, cada vez mais, a utilizar a língua oficial, o catalão, o que é igualmente positivo para a integração na sociedade andorrana.
No intuito de fortalecer esse processo, o Governo inaugurou este ano um novo sistema de acolhimento a imigrantes que incluirá acesso a cursos em catalão, inclusive para adultos.
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