«O português ainda não ocupa o justo lugar que merece», resumiu o autarca de origem portuguesa Hermano Sanches Ruivo, conselheiro municipal de Paris.
António Oliveira, secretário geral da Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses, Brasileiros, da África e Ásia Lusófonas (ADEPBA), afirmou à Lusa que «o português não é considerado como uma língua como o espanhol, o inglês, o italiano, o alemão, e temos que lutar contra isso».
«Tem a ver com a imagem geral na sociedade francesa mas também no sistema educativo. Os colegas das outras disciplinas ainda não consideram a língua portuguesa de igual para igual e tentam frear o desenvolvimento» nas escolas, acrescentou António Oliveira, professor em duas instituições da região parisiense.
A maioria dos alunos de português nos vários níveis de ensino é ainda de luso-descendentes, cerca de 80 por cento.
«Essa realidade é mais visível na região de Paris, mas fora da capital, o português interessa cada vez mais a franceses sem ligações a Portugal», segundo o secretário da ADEPBA.
O inspetor geral da Língua Portuguesa em França, Michel Perez, afirmou à Lusa que existe uma procura em alta do ensino do português, de 5 por cento ao ano, ao mesmo tempo que reconhece uma acentuada quebra nas contratações de professores e a existência de mais de 10 por cento de docentes em situação de vínculo contratual precário.
«Temos dificuldade em França em integrar a ideia de que o português é uma língua de comunicação internacional que é falada em todos os continentes e que uma grande maioria de trocas se faz com o Brasil entre a Europa e África», afirmou Perez.
Segundo os números de Michel Perez, o português é estudado em França por mais de 32 mil alunos em 325 escolas secundárias e em 549 escolas elementares.
Cerca de metade são alunos de Português como Língua Viva Estrangeira (LV1, LV2, LV3 e secções europeias), da responsabilidade exclusiva do Ministério da Educação francês, em 289 estabelecimentos públicos.
Em 43 escolas das academias de Paris, Versalhes, Créteil, Lyon, Aix-Marselha, Amiens, Bordéus, Córsega e Rouen, o português é ensinado dentro do horário escolar do aluno como Língua Viva Estrangeira e o total de alunos em 2009/10 é de 3 284, segundo dados fornecidos pela coordenadora do Ensino do Português em França, Gertrudes Amaro.
Em 584 escolas, o português é ensinado em horário pós-escolar. Frequentam este ensino 11.792 alunos e a inscrição é feita mediante questionário distribuído aos pais pelos diretores das escolas.
Estes cursos são designados por Ensino da Língua e Cultura de Origem (ELCO) e, até muito recentemente, a maior parte dos diretores apenas distribuía os inquéritos aos alunos filhos de emigrantes ou de acordo com a origem, salientou Gertrudes Amaro.
O único ensino de Português assegurado por professores nomeados pelo Governo português é o das disciplinas de Língua e Literatura portuguesas e da História e Geografia das secções internacionais de português/portuguesas.
Envolve 814 alunos e 20 docentes. Há também 20 professores de português em 28 associações de pais.
Lusa / SOL, aqui.