Um e-mail de teor alegadamente xenófobo dirigido contra os emigrantes portugueses no Luxemburgo, e que terá tido origem na polícia luxemburguesa, está a indignar a comunidade portuguesa, tendo o Governo luxemburguês instaurado um inquérito
No e-mail, os autores desafiam os luxemburgueses a partir "ilegalmente para o Paquistão, Afeganistão, Iraque, Nigéria, Turquia ou PORTUGAL".
"Quando entrarem no país exija às autoridades locais assistência médica gratuita para si e para toda a sua família", "Insista para que todos os funcionários da Caixa de Saúde falem luxemburguês", "Pendure uma bandeira do seu pais ocidental na janela" e "Conduza sem carta de condução" são outros dos desafios propostos no e-mail.
Para terminar, os autores do texto afirmam que "No Luxemburgo TUDO ISTO é POSSÍVEL porque somos governados por idiotas politicamente correctos".
Na quarta feira, a deputada de Os Verdes luxemburgueses Camille Gira interpelou o Governo sobre este texto, que terá tido origem e sido distribuído por elementos da polícia luxemburguesa, tendo o Executivo do Luxemburgo decidido abrir um inquérito.
Entretanto, o deputado do PS português pela Europa Paulo Pisco já escreveu uma carta ao embaixador do Luxemburgo em Lisboa, a quem pede para "transmitir ao Governo do Grão-Ducado" a sua "indignação e repúdio pelas palavras ofensivas" do e-mail.
"Os portugueses no Luxemburgo são um elemento essencial da sociedade luxemburguesa. Estão bem integrados e são um contributo decisivo para a criação de riqueza" no país, disse à Lusa.
Entretanto, o dirigente associativo no Luxemburgo Coimbra de Matos classificou o e-mail como uma "brincadeira de mau gosto que não deveria ser executada por pessoas de responsabilidade".
Afirmando ter um conteúdo "ofensivo para os portugueses", Coimbra de Matos acrescentou que esta é "uma situação muito grave que não deveria acontecer num país de direito".
Contactada pela Lusa, fonte do gabinete do ministro do Interior do Luxemburgo, Jean-Marie Halsdorf, confirmou a interpelação escrita que a deputada luxemburguesa dos Verdes Camille Gira fez quarta feira ao governante sobre o e-mail.
No entanto, a conselheira do ministro do Interior Andrée Colas explicou que o e-mail que "foi reencaminhado por, pelos menos, dois elementos da polícia luxemburguesa, não era propriamente um texto xenófobo ou racista".
"O texto desafia os luxemburgueses a irem viver em outros países [entre os quais Portugal] para perceber se também seriam tão bem tratados e acolhidos como o são as comunidades imigrantes no Luxemburgo nesta condições", explicou a responsável.
Andrée Colas adiantou que o ministro do Interior do Luxemburgo "reagiu de imediato à interpelação e já falou com o director da polícia luxemburguesa", tendo-lhe pedido uma "investigação interna do caso", uma vez que há suspeitas de que o e-mail poderá ter tido origem na própria polícia do Luxemburgo.
O Ministério Público do Luxemburgo também já foi contactado e está a desenvolver as diligências necessárias, acrescentou a mesma fonte.
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