Os imigrantes na Alemanha são "claramente desfavorecidos"
no ensino e mercado de trabalho, em comparação com os alemães, afirmou hoje a
delegada do governo federal para as migrações, os refugiados e a integração,
Maria Boehmer.
"Ainda não se pode falar de igualdade de oportunidades", disse a ministra
democrata cristã, em Berlim, na apresentação do 8.º relatório do governo sobre
a situação dos estrangeiros na Alemanha.
O documento revela que o insucesso escolar entre imigrantes com idades entre os
15 e os 19 anos atingiu 13,3 por cento, em 2008, contra sete por cento entre os
alemães da mesma idade.
No acesso aos cursos de formação profissional, os jovens imigrantes levam em
média 17 meses a encontrar uma vaga, depois de concluírem o ensino, enquanto os
jovens alemães precisam apenas de três meses para aceder à mesma vaga.
Quanto do desemprego entre os imigrantes, a quota em finais de 2008 era de 12,4
por cento, quase o dobro da quota de desempregados alemães, na mesma altura
(6,5 por cento).
O 8.º relatório sobre a situação dos estrangeiros na Alemanha indica ainda que,
em finais de 2009, residiam na Alemanha 6 694 776 imigrantes, entre os quais
113 260 portugueses (1,7 por cento do total).
A maior comunidade estrangeira é a turca, com quase 1,7 milhões de pessoas,
seguida pelos italianos, com quase 520 mil, e pelos polacos, com quase 400 mil.
Os portugueses ocupam o 13.º lugar no "ranking" absoluto das comunidades
imigrantes e o sexto lugar entre os residentes oriundos de países da União
Europeia.
Em finais de 2008, havia 40 519 portugueses a descontar para a segurança social
alemã, dos quais quase 16 mil tinham empregos com baixas remunerações, segundo
o mesmo documento.
Maria Boehmer mostrou-se otimista quanto ao futuro da integração dos
imigrantes, dando como exemplo a diversidade de origens na seleção alemã de
futebol, que tem feito furor no Mundial da África do Sul.
"Todos podemos conseguir e esta mensagem não se aplica apenas ao futebol",
disse a ministra, considerando a diversidade "um modelo de futuro" para o maior
país da União Europeia.
Para atenuar os problemas atuais, Boehmer propôs uma ofensiva nacional de
ensino, "que promova as crianças filhas de imigrantes logo desde o infantário".
Fez também um apelo ao à adesão das empresas alemãs à chamada "Carta da
Diversidade", em que estas se comprometem a dar as mesmas oportunidades a
imigrantes e a nacionais que tenham as mesmas qualificações.
Até ao momento, aderiram a este programa cerca de 800 firmas, anunciou a
ministra, propondo também que o sector público "esteja na vanguarda" desde
processo, e que sejam admitidos mais imigrantes na polícia e nos Ministérios,
por exemplo.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico **
Correio do Minho, aqui.