O Presidente luso acabou por dizer que o clima lhe fazia lembrar Portugal. "Parece que estou no meu Algarve. Vinha preparado para o vento que senti nas outras cinco visitas que já efectuei a este país e estou muito contente porque me faz lembrar o nosso país, não há vento. Fui eu que trouxe o bom tempo", brincou o chefe de Estado português quase que a querer matar as saudades à comunidade portuguesa a residir em Cabo Verde.
Depois de ter afirmado, por diversas vezes, que havia 10 mil portugueses a residir no arquipélago crioulo, no encontro que fez "questão de ter" com a comunidade portuguesa, Cavaco Silva emendou para 12 mil. "O número tem vindo a crescer nos últimos tempos, são cada vez mais os portugueses a residir neste país, uma comunidade dinâmica e empreendedora, presente nos vários sectores de actividade".
Independentemente dos sectores laborais e dos motivos que trouxeram os portugueses a Cabo Verde, há, segundo Cavaco Silva, um factor em comum: "Gostamos de Cabo Verde". "Gostamos muito de Cabo Verde e os cabo-verdianos sabem-no e, acima de tudo, sentem-no. As relações são feitas de interesses comuns e de respeito mútuo mas, também, de um afecto recíproco e genuíno".
O chefe de Estado avisou, entretanto, que "os afectos precisam de ser alimentados, não basta proclamar sentimentos, é necessário concretizá-los em gestos e obras". "Os que aqui se encontram são pessoas que querem ver obra feita, que anseiam para que se passe das palavras aos actos e os agentes políticos devem compreender esses anseio e apoiar a sua concretização".
O chefe de Estado português desafiou os portugueses a organizarem-se como acontece com as comunidades cabo-verdianas em Portugal, como o Presidente constatou "há poucos dias, numa visita efectuada a Oeiras, onde, juntos e de forma organizada, lutam pelo desenvolvimento da sua cultura".
"Não terá chegado o tempo de reflectir sobre a organização da comunidade em estruturas mais institucionalizadas que constituam espaços de debate e de reflexão sobre a melhor forma de promover a nossa imagem e cultura, e a língua que partilhamos com Cabo Verde de forma a serem criados espaços que favoreçam iniciativas conjuntas, reunindo as múltiplas valências em que se forma a presença portuguesa neste país. Um país que nos está tão próximo do coração", desafiou.
Cavaco Silva aproveitou ainda a ocasião, e a presença de vários empresários lusos na residência da embaixadora portuguesa, para elogiar o trabalho realizado, uma vez que "têm sido um exemplo de aplicação e de sucesso dos princípios cabo-verdianos, segundo têm dito as autoridades".
"Muitas das nossas empresas têm estado na origem ou na vanguarda de importantes projectos de alcance social, em domínios tão meritórios como o combate à pobreza e a promoção da educação e cultura", enalteceu. Uma "notável atitude cívica" que tem causado "impactos positivos" e que, segundo Cavaco Silva, tem constituído um "importantíssimo contributo para o excelente relacionamento de Portugal e Cabo Verde".
Por último e em jeito de agradecimento e desafio, Cavaco Silva apelou a que "cada um, na sua actividade e vida social, faça, todos os dias, alguma coisa para defender Portugal e a língua e cultura portuguesa". O Presidente também agradeceu, em nome de Portugal, "o esforço e dedicação que têm feito por Portugal". "Vocês são os embaixadores adicionais de Portugal", acrescentou.
IMN
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