BRAGA (PRESSPOINT) - O Museu da Imagem, em Braga, tem patente uma exposição de fotografia oriunda do Museu/Colecção Berardo. As imagens colhidas por Gérald Bloncourt, sob o título "Por uma Vida Melhor", assumem-se como «um documento único sobre a emigração portuguesa para França nos finais dos anos 50 e 60». Na introdução que acompanha a mostra, José Berardo situa a dureza dos instantâneos expostos: «romper com as raízes, com a família, com a escola, com os amigos, constitui, para qualquer pessoa, uma ruptura; e quando a partida é clandestina ou quando o acolhimento não corresponde às expectativas, o choque é ainda mais brutal». Todos quantos viveram esta realidade - diz - sabem que assim é e aqueles que a ignoram devem ter conhecimento dela. «Numa altura em que, pouco a pouco, construímos a Europa é nosso dever prestar homenagem a todos aqueles que foram forçados a deixar o seu país, de trouxa às costas, fugindo da miséria ou por razões políticas, na esperança de regressarem um dia», considera.José Berardo lembra que Portugal viveu um período sombrio da sua história, durante o qual perto de um milhão de trabalhadores partiram, em busca de melhor vida.«Alguns regressaram, outros ficaram definitivamente no estrangeiro, no desejo de se manterem perto dos filhos, bem integrados no país de acolhimento. Mas nenhum esqueceu o que deixou», enfatiza.De acordo com Berardo, as fotografias de Gérald Bloncourt mostram, «sem ambiguidades», os sofrimentos dos compatriotas: a viagem interminável, a instalação, a escola, os amigos, o trabalho, a vida comunitária...«Através dos seus retratos ou das suas reportagens descobrimos uma inacreditável mistura de dor e de alegria, na qual revivemos o nosso próprio percurso», afirma, para trazer à colação «outras populações que hoje são obrigadas a deixar a sua terra natal». «Esperamos que esta exposição permita a cada um de nós acolhê-los, de agora em diante, com outro olhar - mais amigo, mais aberto, mais generoso», deseja José Berardo.
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