Os avós de crianças emigrantes são a ponte de ligação a Portugal, garantindo a preservação da língua materna, das histórias e tradições do país, revela um estudo de uma investigadora da Universidade de Toronto.
A professora Manuela Marujo ficou "surpreendida" quando os jovens portugueses emigrantes "não falavam do pai nem da mãe, mas sim da avó e do avô", contou à agência Lusa à margem do congresso "A voz dos avós: migração e património", que hoje começou na Fundação Pro Dignitate, em Lisboa.
A investigação realizada na Universidade de Toronto concluiu que a geração mais nova mantém uma relação com o país de origem através dos avós que transmitem "não só a língua de afeto mas tudo aquilo que se relaciona com o país: desde a comida ao gosto pela história, mesmo quando já é muito difusa".
Em declarações à Lusa, Manuela Marujo lembrou que as razões para a transmissão de conhecimentos pelos mais velhos está relacionada com o facto de muitos pais "já não terem o português como primeira língua" e terem "horários de trabalho muito sobrecarregados".
Em casa estão os avós que são uma espécie de "babysitter", que levam as crianças à escola, fazem as refeições. Neste convívio, transmitem-se conhecimentos.
Mas os saberes também passam de avós para netos mesmo quando estão fisicamente distantes: "Falam por telefone, que se torna no meio de ligação para quem deixou os avós em Portugal".
"Os avós desempenham um papel muito importante nas nossas vidas", sublinhou Manuela Marujo.
Quando chegam ao país, a separação desvanecesse: os netos "identificam os cheiros da casa da avó, os sabores da comida", porque "há uma ligação que é transmitida de uma forma muito leve e quando vêm para Portugal encontram aquilo de que os pais lhes tinha falado".
O Dia dos Avós assinala-se hoje.
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