"Neste momento, estamos a assistir a uma grande mobilidade de trabalhadores que estavam em Espanha.
Chegámos
a ter 90 mil trabalhadores em Espanha e neste momento temos cerca de 30
mil", disse Albano Ribeiro à Agência Lusa, no Ministério dos Negócios
Estrangeiros, após uma reunião com o secretário de Estado das
Comunidades, António Braga.
De acordo com Albano Ribeiro, são "milhares" os trabalhadores a deslocarem-se para aqueles países, onde há já relatos de abusos.
"A
situação mais gritante passa-se na Alemanha. Um operário qualificado
português e um operário qualificado alemão com a mesma profissão,
fazendo as mesmas horas, há a diferença de mil e tal euros por mês",
contou.
No entanto, o presidente do Sindicato da Construção de
Portugal "o mais chocante é que há 16 trabalhadores a dormirem num
espaço onde cabiam cinco e a dormirem em cima de esferovite".
O
sindicalista sublinhou que "se não fossem as obras públicas que foram
lançadas (em Portugal), a situação era muito mais gritante porque no
último ano e meio criaram-se cerca de 30 mil postos de trabalho".
"Para
o ano há um plano de barragens que para nós, sindicato, é extremamente
importante porque assim não há tanta mobilidade", acrescentou.
Campanhas de alerta
Outra
das questões levantadas por Albano Ribeiro prende-se com a segurança
rodoviária, uma vez que "já há trabalhadores a virem em carrinhas da
Alemanha para Portugal". "Se em Espanha morreram dezenas de
trabalhadores, naturalmente que aqui o cansaço é muito maior",
acrescentou.
Para sensibilizar os portugueses no estrangeiro para
estas questões, o Sindicato da Construção de Portugal e a Secretaria de
Estado das Comunidades juntaram-se para lançar duas campanhas de alerta.
"É
no enquadramento dessa parceria que lançaremos duas campanhas: uma nos
media, que tem por fim alertar e informar, e outra em que estamos a
estudar as condições para localmente, no estrangeiro, podermos realizar
esse tipo de informação", disse o secretário de Estado das Comunidades
Portuguesas.
Segundo António Braga, a primeira campanha vai ser
lançada antes do fim do ano e a segunda será divulgada no princípio de
2011, "sobretudo na estrutura diplomática e consular e em pontos
estratégicos".
Para Albano Rodrigues, estas campanhas "vão ser uma mais valia para evitar o pior".
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