Militante do partido esquerdista Pátria Para Todos, a luso-descendente
Andrea Tavares assume-se como uma alternativa aos eleitores
venezuelanos que não estão nem com o Presidente Hugo Chávez, nem com a
oposição, garantindo que vai defender os direitos dos portugueses.
"No Pátria Para Todos propusemo-nos a romper com a polarização política
que tem existido no nosso país desde há alguns anos. Numa primeira
etapa, esta polarização era natural porque havia um modelo que dominou
e teve o poder durante 40 anos e era substituído por outro modelo
político. Neste momento, esse confronto é artificial", disse Andrea
Tavares.
Em declarações à Agência Lusa, a luso-descendente explicou que o "PPT
foi coautor do processo de mudança no país e tomou a decisão de se
separar da aliança com o Presidente Hugo Chávez porque este traiu os
princípios constitucionais e está a tentar implementar um modelo que
não corresponde" ao que foi aprovado em 1999.
"O que estamos a ver (atualmente) é a repetição do que foi o socialismo soviético, que historicamente fracassou", disse.
A candidata denunciou que na Venezuela foi aprovada, recentemente, "uma
nova lei de processos eleitorais que viola o princípio constitucional
da representação proporcional", adiantando que ainda assim o PPT terá
uma representação importante no parlamento.
"Iremos à Assembleia, não para enfrentar estes blocos, mas para ajudar
e contribuir a que flua o diálogo e a que realmente se discutam os
problemas do país", frisou Andrea Tavares.
Questionada sobre a razão de o seu partido não se ter juntado à Mesa de
Unidade Democrática (organização que reúne as principais forças
opositoras), a luso-descendente explicou que dela
fazem parte "partidos políticos que no passado foram responsáveis por
situações graves, não somente de corrupção, mas também de tortura e de
presos políticos" e que inclusive muitos dos seus militantes foram
vítimas de repressões.
"Há diferenças profundas com muitos desses partidos (...) essa oposição é
restauradora, porque querem restaurar a realidade política onde tinham
privilégios. Nós nos assumimos como uma oposição patriótica, estamos a
tentar quebrar a polarização e somos uma opção para todos os eleitores
que não se sentem identificados nem com o passado corrupto nem com o
presente corrupto", frisou.
Em relação à comunidade portuguesa radicada no país, referiu que "tem
sido bastante maltratada porque às vezes o Presidente (da República)
tem atitudes de xenofobia no seu discurso", sublinhando que "com o tema
da propriedade privada muitos têm visto violados os seus direitos
constitucionais".
Neste sentido, a candidata deixa a mensagem à comunidade portuguesa de
que entende "o que significa o trabalho do imigrante na Venezuela" pelo
facto de ser luso-descendente.
Cerca de 18 milhões dos 28,94 milhões de venezuelanos são chamados às
urnas no domingo para renovar os 165 lugares da Assembleia Nacional,
além de eleger 12 deputados para o Parlamento Latino-americano, e
candidatos indígenas em várias regiões.
Além dos blocos que simpatizam com o regime do presidente Hugo Chávez e
os oposicionistas, é cada vez mais notória a existência dos "ni-ni",
que não estão com o Governo nem com a oposição, e que vários analistas
dizem ser determinantes para os resultados eleitorais.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Correio do Minho, aqui.