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Venezuela/Eleições: Luso-descendente assume-se como alternativa aos que não estão nem o Governo, nem com a oposição
2010-09-24

Militante do partido esquerdista Pátria Para Todos, a luso-descendente Andrea Tavares assume-se como uma alternativa aos eleitores venezuelanos que não estão nem com o Presidente Hugo Chávez, nem com a oposição, garantindo que vai defender os direitos dos portugueses.

"No Pátria Para Todos propusemo-nos a romper com a polarização política que tem existido no nosso país desde há alguns anos. Numa primeira etapa, esta polarização era natural porque havia um modelo que dominou e teve o poder durante 40 anos e era substituído por outro modelo político. Neste momento, esse confronto é artificial", disse Andrea Tavares.

Em declarações à Agência Lusa, a luso-descendente explicou que o "PPT foi coautor do processo de mudança no país e tomou a decisão de se separar da aliança com o Presidente Hugo Chávez porque este traiu os princípios constitucionais e está a tentar implementar um modelo que não corresponde" ao que foi aprovado em 1999.

"O que estamos a ver (atualmente) é a repetição do que foi o socialismo soviético, que historicamente fracassou", disse.

A candidata denunciou que na Venezuela foi aprovada, recentemente, "uma nova lei de processos eleitorais que viola o princípio constitucional da representação proporcional", adiantando que ainda assim o PPT terá uma representação importante no parlamento.

"Iremos à Assembleia, não para enfrentar estes blocos, mas para ajudar e contribuir a que flua o diálogo e a que realmente se discutam os problemas do país", frisou Andrea Tavares.

Questionada sobre a razão de o seu partido não se ter juntado à Mesa de Unidade Democrática (organização que reúne as principais forças opositoras), a luso-descendente explicou que dela fazem parte "partidos políticos que no passado foram responsáveis por situações graves, não somente de corrupção, mas também de tortura e de presos políticos" e que inclusive muitos dos seus militantes foram vítimas de repressões.

"Há diferenças profundas com muitos desses partidos (...) essa oposição é restauradora, porque querem restaurar a realidade política onde tinham privilégios. Nós nos assumimos como uma oposição patriótica, estamos a tentar quebrar a polarização e somos uma opção para todos os eleitores que não se sentem identificados nem com o passado corrupto nem com o presente corrupto", frisou.

Em relação à comunidade portuguesa radicada no país, referiu que "tem sido bastante maltratada porque às vezes o Presidente (da República) tem atitudes de xenofobia no seu discurso", sublinhando que "com o tema da propriedade privada muitos têm visto violados os seus direitos constitucionais".

Neste sentido, a candidata deixa a mensagem à comunidade portuguesa de que entende "o que significa o trabalho do imigrante na Venezuela" pelo facto de ser luso-descendente.

Cerca de 18 milhões dos 28,94 milhões de venezuelanos são chamados às urnas no domingo para renovar os 165 lugares da Assembleia Nacional, além de eleger 12 deputados para o Parlamento Latino-americano, e candidatos indígenas em várias regiões.

Além dos blocos que simpatizam com o regime do presidente Hugo Chávez e os oposicionistas, é cada vez mais notória a existência dos "ni-ni", que não estão com o Governo nem com a oposição, e que vários analistas dizem ser determinantes para os resultados eleitorais.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

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