Por Bárbara Wong
O sociólogo
do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) foi
o primeiro investigador a fazer um trabalho sobre os retornados
enquanto fenómeno migratório. É o coordenador do Atlas das Migrações e defende o desmistificar das ideias erradas sobre as populações migrantes.
Em tempo de crise, a imigração é importante para Portugal?
Sim.
Não há a percepção dos riscos que estamos a correr, porque vamos
precisar de mais activos para sair da crise. Não vamos ter
possibilidade de sair da crise com uma população activa em declínio.
Sempre que há crescimento económico, este é suportado pelo
rejuvenescimento da população. Por isso, precisamos de população
imigrante qualificada para colmatar as saídas dos quadros qualificados.
A "fuga de cérebros" é negativa para o desenvolvimento económico de Portugal?
Precisamos
de mobilidade científica, precisamos que alguns regressem, mas também
que existam políticas de incentivos à imigração de quadros
qualificados. Os outros países europeus e os EUA incentivam os quadros
a fixarem-se. Portugal e a Inglaterra têm taxas de emigração
qualificada muito semelhantes, mas os ingleses conseguem compensar com
a atracção de quadros de outros países e Portugal não. Precisamos de
incentivos.
O Atlas pode ser usado na promoção de políticas públicas sobre migrações?
O Atlas é útil para o estudo das migrações e pode também ajudar em termos de
políticas públicas. Directamente porque é fonte de informação e
indirectamente, se contribuir para suscitar uma imagem menos receosa
dos fenómenos migratórios. Apesar de tudo, Portugal não tem tido
políticas agressivas relativamente à imigração. Quanto à emigração, não
há nada a fazer, os Estados não podem ter políticas de emigração. O
direito a emigrar é um direito fundamental.
Público, aqui.