Os casos de pobreza entre a população emigrante portuguesa é uma
realidade ainda pouco conhecida, admitiu ontem, em Braga, o secretário
de Estado das Comunidades. À margem da apresentação do livro ‘Marcas
Solidárias-obras sociais das comunidades portuguesas', António Braga
disse ao ‘Correio do Minho' que os casos de carência económica e social
na diáspora constituem felizmente "uma pequena minoria", mas devem
merecer atenção.
Nesse sentido, o governante apontou o reforço do programa de apoio
social a idosos carenciados que atribui um apoio monetário a pessoas
com mais de 65 anos sem rendimentos e que estejam em países com
sistemas de segurança social e de saúde débeis, ou onde não existem
acordos de reciprocidade com Portugal.
O livro ‘Marcas Solidárias' foi apresentado no Museu D. Diogo de Sousa,
no âmbito do seminário ‘Combate à exclusão e caminhos para a inclusão',
organizado pela CERCIFAF e pelo Gabinete Europe Direct do Entre
Douro-e-Minho.
A edição da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades
Portuguesas surge no âmbito do plano nacional do Ano Europeu do Combate
à Pobreza e da Exclusão Social.
A obra dá a conhecer o trabalho na área social desenvolvido por
organizações de emigrantes em países da Europa, América e África.
O secretário de Estado realçou a importância dessa rede de instituições de solidariedade social, algumas das quais "c om projectos sustentáveis na área da saúde, cuja rentabilidade é direccionada para o apoio social".
O embaixador Santos Braga, director-geral dos Assuntos Consulares,
reconheceu que ‘Marcas Solidárias' apresenta uma "visão reduzida" do
que é a solidariedade social na diáspora portuguesa.
Envelhecimento da emigração
Aquele responsável alertou para os desafios colocados pelo fenómeno do envelhecimento da população emigrante portuguesa.
Nas declarações ao ‘Correio do Minho', António Braga apontou esse
envelhecimento como preocupação central da Secretaria de Estado das
Comunidades,
"Criámos o observatório da emigração com o Instituto Superior de
Ciências do Trabalho e da Empresa que está a trabalhar em alguns países
onde estimamos que esse fenómeno se está a verificar com mais
acuidade", referiu o governante.
"Esse estudo é importante para avaliar o impacto que pode representar o
regresso de emigrantes, muito embora as reformas estejam garantidas a
montante, nos países onde essas pessoas trabalharam".
Para facilitar a integração dos emigrantes no regresso a Portugal a
Secretaria de Estado celebrou mais de cem acordos com câmaras
municipais.
"O estudo que já está feito indica-nos que cerca de 90 por cento dos
emigrantes regressam para as suas freguesias e concelhos de origem",
constatou António Braga.
Correio do Minho, aqui.