*** António Pina, da Agência Lusa ***
Durban, 11 abr (Lusa) -- A grande maioria da comunidade portuguesa da cidade sul-africana de Durban critica a falta de professores de Português, mas manifesta-se satisfeita com o novo consulado-honorário inaugurado no bairro de Windemere, na província do Kwazulu-Natal.
O cônsul honorário Elias de Sousa faz eco do descontentamento de muitos portugueses que pretendem que os filhos aprendam Português, inscrevem as crianças nos cursos e são depois confrontados com a falta de professores.
"Nesta altura nem há professor destacado em Durban nem em Petermaritzburg, a capital política da província e onde residem muitos portugueses. É lamentável o que se está a passar", acusa Elias de Sousa, que chamou a atenção para o problema do ensino do Protuguês, atualmente gerido pelo Instituto Camões, num encontro da comunidade com o embaixador de Portugal na África do Sul no fim de semana, em Durban.
O embaixador João Ramos Pinto justifica a situação com vários fatores: grande distância do país relativamente a Portugal, dificuldades de instalação enfrentadas pelos novos docentes, fraco incentivo financeiro nas vagas a concurso e a diferença dos ciclos escolares.
"A dificuldade de contratação de professores em Portugal ou mesmo a nível local não é neste momento fácil e temos sentido que é mais difícil contratar docentes para o Kwazulu-Natal do que para Joanesburgo ou Pretória, mas é um esforço que temos de fazer", explicou o embaixador de Portugal.
Apesar das críticas, a comunidade elogiou a mudança de instalações do consulado do centro da cidade, considerado perigoso, com trânsito intenso e difícil acesso, para uma zona mais tranquila e segura, que era uma aspiração antiga dos mais de 10 mil portugueses de Durban, na costa do Índico.
"As novas instalações do consulado-honorário são excelentes e têm tudo aquilo que nós, utentes, pedíamos: fácil acesso, ausência de criminalidade na zona e bons serviços", explica José Ramos, um ex-fuzileiro das forças armadas portuguesas que combateu em Moçambique e hoje vive, já reformado, em Durban.
Este português, que afirma ter visitado as novas instalações consulares várias vezes para tratar de assuntos relativos à sua pensão de reforma, aplaude a decisão e elogia os serviços prestados pelas três funcionárias de carreira que transitaram para o consulado-honorário do antigo consulado-geral de Durban.
A comunidade portuguesa do Kwazulu-Natal, significativo peso económico, parece fazer da coesão uma das suas armas e manifesta orgulho na sua agremiação, a Associação Portuguesa do Natal (APN), fundada em 1975 e onde tenta manter vivas as tradições, à mistura com desporto e lazer.
Carlos Teixeira, o atual presidente da APN, recentemente eleito para presidir aos destinos da agremiação, está apostado em prosseguir o trabalho dos que ergueram e mantiveram em funcionamento a única "casa" dos portugueses em Durban, cidade onde estudou, entre 1899 e 1904, o poeta Fernando Pessoa.
AP.
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