Dado o difícil processo de imigração imposto pelas autoridades canadianas, o fator de reunião familiar ajuda a pesar na balança no momento da escolha de destino.
Não se conhecem números expressivos de novos emigrantes originários de Portugal, há apenas casos esporádicos na comunidade e alguns trabalhadores contratados por empregadores, sobretudo do setor da construção.
As representações consulares portuguesas no país também não dispõem de números de novos fluxos, considerando, em termos gerais, que a emigração portuguesa para o Canadá está estagnada.
Por outro lado, o apertado controlo da imigração no Canadá assim como a forte mediatização dos processos de deportação fizeram com que, a existir alguma imigração indocumentada (seja de que país for), ela viva completamente na sombra.
Não é este, porém, o caso de dois novos emigrantes portugueses que a Agência Lusa encontrou em Montreal e em Toronto.
Cláudia A. chegou em outubro passado a Montreal, oriunda de Minde, em Alcanena, fugindo à crise que Portugal atravessa.
"Fui a única da minha família direta a emigrar", afirma à Lusa a jovem de 21 anos, adiantando que os pais e os dois irmãos permanecem em Portugal.
"Quis sair de Portugal por não ter perspetivas de futuro. E como já cá tinha uma parte da família, decidi vir e estou satisfeita", explica.
De início foi viver com uma tia materna e mantinha dois empregos, mas agora, menos de seis meses volvidos, já trabalha apenas numa conhecida churrasqueira portuguesa na alameda Saint-Laurent e mudou-se para o seu próprio apartamento.
"Trabalho muito, mas essa é a vida de emigrante. O meu objetivo é juntar algum dinheiro, ficar com uma situação mais confortável e então ver as minhas opções aqui. Possivelmente irei para a universidade", o que não chegou a tentar em Portugal, revela.
O facto de ser luso-canadiana faz com que Cláudia esteja em situação 100 por cento legal, usufruindo dos direitos plenos como cidadã.
Quando agora pensa em Portugal, agrada-lhe a ideia de "ir gozar férias", para rever a família e os amigos. Só de férias, porque o plano para o médio prazo está traçado: ficará no Canadá.
Paulo S. completará no próximo mês um ano a viver em Toronto, desde que deixou Viseu.
"Há dois, três anos que queria sair de Portugal", diz à Lusa, precisando que a ideia inicial era ir para um país europeu e fazer um mestrado.
O encontro com a namorada (com quem entretanto se casou) mudou-lhe o destino rumo a Toronto.
"Estou satisfeito com esta decisão, também atendendo à situação de crise em Portugal que piorou muito nos últimos meses", refere.
Atualmente, sente-se adaptado à nova vida em Toronto e nem a língua inglesa foi um obstáculo.
Paulo iniciou já o processo com vista à obtenção de residência permanente no Canadá.
Elisa Fonseca, Agência Lusa, aqui.