Lisboa, 27 mai (Lusa) - O cabeça de lista do PSD pela Europa, Carlos Gonçalves, quer a emigração como preocupação de todos os ministérios do futuro Governo, lamentando que a comissão interministerial das comunidades portuguesas não tenha reunido nos últimos anos.
"É fundamental que - sendo esta uma área transversal que não pode ficar circunscrita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros - as comunidades portuguesas passem a integrar a preocupação de todos os ministérios, sejam eles 10 ou 20", disse.
O também deputado social-democrata lamentou ainda que "um instrumento como a comissão interministerial das comunidades" nunca tenha reunido durante o consulado do atual secretário de Estado, António Braga.
Carlos Gonçalves considerou ainda "fundamental" que o futuro titular da pasta da Emigração tenha "realmente meios" para poder "executar ou pelo menos orientar as políticas dos diferentes ministérios em relação às comunidades portuguesas".
"Essa é a grande preocupação. Fechar as comunidades exclusivamente num secretário de Estado que só tem funções figurativas e simbólicas é pouco", sublinhou.
Carlos Gonçalves, que foi o último titular da pasta da Emigração dos governos PSD, mostrou-se preocupado com a previsível falta de capacidade dos consulados para responder ao aumento dos fluxos migratórios.
"Nas áreas de maior pressão como o Reino Unido, o Luxemburgo, a Suíça, a Alemanha e um pouco a França, os consulados têm que ter pessoas capazes de poder dar resposta", disse.
O candidato às eleições legislativas de 05 de junho acrescentou que não tem havido qualquer orientação à rede consular sobre esta questão e acusou o Governo socialista de ter estado ausente das comunidades e de tentar "escamotear" a realidade dos novos fluxos migratórios.
O cabeça de lista defendeu ainda um acompanhamento da situação social dos novos migrantes articulada com os serviços dos países de acolhimento, a Igreja, as associações e até os sindicatos.
Carlos Gonçalves destacou também o papel dos emigrantes para a economia portuguesa, lembrando que em anteriores momentos de crise "foram fundamentais para o país".
"Há uma rede e um tecido empresarial notável nas comunidades portuguesas (...) um potencial enorme que devia ser aproveitado", disse Carlos Gonçalves, criticando a atual governação por ter acabado com as contas poupança-emigrante.
"Aceito que o produto bancário estivesse ultrapassado, mas sabendo da clientela que existia adaptava-se o produto à nova realidade", defendeu.
O deputado adiantou que globalmente as remessas continuam a aumentar devido aos novos migrantes, mas que o envio per capita diminuiu, o que, considerou, significa que a comunidade tradicional "continua a não enviar dinheiro para Portugal".
Por isso, defendeu que seja restaurado o incentivo ao envio de dinheiro "através de um produto que permita que os portugueses residentes no estrangeiro, através das suas poupanças, possam contribuir para ultrapassar o momento difícil" que o país atravessa.
CFF.
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