Berlim, 30 mai (Lusa) - Os emigrantes na Alemanha continuam preocupados com a situação do ensino do Português e com o encerramento de associações, e esperam mais apoio de Lisboa para solucionar estes problemas, seja qual for o futuro Governo.
"Estamos muito apreensivos com a eventual redução de cursos de língua portuguesa", sublinhou Vítor Estradas, presidente da Confederação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA), em declarações à Lusa.
"Se as nossas crianças não aprenderem Português, e se desligarem de Portugal, o país perderá verdadeiros embaixadores no estrangeiro", advertiu o mesmo dirigente associativo.
Jorge Rita, um emigrante radicado em Estugarda, também sublinhou a importância do ensino da língua materna, mas acha que não pode ser só o Governo a assumir responsabilidades, apelando a um maior empenho dos encarregados de educação.
"Temos de ser realistas, não pode haver escolas portuguesas em todo o lado, talvez tenha de se exigir maior participação financeira dos pais, mais amor à camisola", disse à Lusa o técnico da Mercedes, recordando que o seu pai, emigrante da primeira hora, foi o fundador da primeira escola portuguesa em Estugarda.
Já Maria João Manso referiu que, em sua opinião, o ensino paralelo da língua materna aos luso-descendentes "não é a melhor solução, torna-se muito cansativo e pouco motivador para eles", defendendo a abertura de mais escolas de ensino integrado, como as que existem em Berlim e Hamburgo.
"Trabalhei no ensino paralelo, continuo a acompanhar a situação, tenho lá professores amigos, e acho que piorou muito", constatou ainda esta professora universitária radicada em Berlim.
Outro dos grandes problemas com que a comunidade portuguesa na Alemanha se debate é o encerramento de muitas associações, por falta de quadros ou de meios financeiros.
"As associações estão a ser desprezadas por Lisboa, devia haver um esforço maior para evitar que acabem, e não me refiro apenas a apoios financeiros, estou a falar também de apoio técnico", afirmou Vítor Estradas, garantindo que fará depender o seu voto nas legislativas do candidato que considerar mais capaz de resolver estes problemas.
"Quero avaliar o que fazem pela comunidade e o grau de autonomia que revelam em relação aos poderes públicos", explicou.
Os inquiridos pela Lusa foram unânimes em afirmar que a propaganda eleitoral para estas eleições lhes tem chegado de forma mais eficaz do que em atos eleitorais anteriores, sobretudo via correio eletrónico, embora alertem que nem todos recorrem a esta forma de comunicação.
No entanto, continuam a dizer que os emigrantes são muito esquecidos pelo país, "só aparecem na publicidade dos bancos, mas não nos noticiários da televisão, que preferem transmitir programas de culinária", criticou Jorge Rita.
Vítor Estradas, por sua vez, sublinhou que os emigrantes já provaram que Portugal pode contar com eles, em tempos de crise e não só, "mas é preciso também saber se os emigrantes podem contar com Portugal", advertiu.
FA.
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