CORREÇÃO DA NOTÍCIA COM O TÍTULO "Crise: Remessas dos emigrantes são "vitais para a liquidez de Portugal" -- economista"
NOVO SEXTO PARÁGRAFO: "É um valor extraordinário, que, na hipótese de ser idêntico durante três anos (2010-2012) equivaleria, no conjunto desse período, a mais de 9 por cento do empréstimo negociado por Portugal junto da 'troika'" do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, salientou Cristina Semblano.
(Corrige as circunstâncias e o período em que o valor passaria a ser "extraordinário" em relação ao empréstimo negociado por Portugal junto da "troika" internacional")
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Paris, 25 mai (Lusa) -- As remessas financeiras dos emigrantes "são vitais para a liquidez de Portugal" e têm sido "subavaliadas", afirmou hoje à Agência Lusa em Paris uma economista da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Portugal precisa mais do que nunca das remessas dos emigrantes", afirmou numa entrevista à Lusa a economista Cristina Semblano, responsável do Serviço de Estudos e Planeamento da CGD em Paris.
A economista contrariou com veemência "a ideia de que diminuiu a emigração portuguesa", chamando a atenção, pelo contrário, "para os novos emigrantes que todos os dias chegam a países como a França".
A importância relativa das remessas, maior do que noutros países migrantes como a Grécia, por exemplo, testemunha que "o fluxo da emigração nunca se interrompeu verdadeiramente".
Segundo os dados disponíveis do Banco de Portugal, as remessas de emigrantes atingiram 2,4 mil milhões de euros em 2010, recordou a economista portuguesa.
"É um valor extraordinário, que, na hipótese de ser idêntico durante três anos (2010-2012) equivaleria, no conjunto desse período, a mais de 9 por cento do empréstimo negociado por Portugal junto da 'troika'" do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, salientou Cristina Semblano.
A economista frisou que se trata de um valor por defeito, uma vez que há outros fluxos de capitais com que os emigrantes participam na economia nacional e que "aparecem contemplados noutras rubricas da Balança de Pagamentos, por exemplo na Balança de Capitais e na Balança Financeira".
Apesar de a importância relativa em percentagem do PIB português ter diminuído, situando-se segundo os últimos dados em cerca de 1,5 por cento, "as remessas dos emigrantes são mais do que nunca vitais para a liquidez de Portugal".
Cristina Semblano referiu também que "as remessas dos emigrantes decresceram fortemente em fevereiro" de 2011, segundo o Banco de Portugal.
"Se for um decréscimo que se mantém, Portugal será privado de recursos importantes numa altura de crise", acrescentou a responsável da CGD em Paris.
"Pode suceder uma falta de confiança das comunidades portuguesas na nossa economia, mas por enquanto nada nos diz que isso vai acontecer", salientou.
Uma análise detalhada das remessas da emigração nas últimas décadas, que Cristina Semblano elaborou para uma edição recente do LusoJornal, publicado em Paris, constata que a entrada de Portugal no universo do euro favoreceu o movimento de capitais e alargou as formas de transferência.
A economista salientou, por exemplo, que "não estão incluídas nas remessas as transferências que são contabilizadas como exportação de materiais e serviços".
É o caso do fluxo originado pelos muitos empresários do setor da construção civil que importam de Portugal os materiais e a mão de obra que usam nos países de acolhimento para a elaboração do produto final.
Também não são incluídos nas remessas as transferências de poupanças no regresso definitivo dos emigrantes a Portugal, nem as reformas pegas nos países de origem, ou tão-pouco as despesas de turismo e os custos de educação em Portugal, entre outros encargos, referiu.
Entre os países periféricos que fornecem mão de obra, Portugal é, no contexto europeu, aquele para o qual as remessas dos emigrantes são mais importantes, conclui Cristina Semblano.
PRM.
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