Há cada vez mais inscritos nos centros de emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) a procurar as novas oportunidades, mas para fora de Portugal. Têm entre 35 e 45 anos, estão desempregados e utilizam a sua rede pessoal de conhecimentos quando desistem de encontrar uma saída profissional no país de origem.
A maioria tem profissões industriais qualificadas, como soldadores, serralheiros ou manutenção de equipamentos eléctricos em plataformas petrolíferas. Noruega, Holanda, França e os países anglo-saxónicos são os destinos mais apetecíveis.
Entre Janeiro e Abril deste ano, o número de inscritos no IEFP a sair do país mensalmente aumentou de 1640 para 2104. Mas já no ano passado houve uma subida significativa de emigrantes, que se traduziu num crescimento de 16,2% face a 2009. Nesse ano saíram para trabalhar noutros países 19 715 inscritos nos centros de emprego, contra 22 912 que em 2010 optaram por encontrar trabalho noutros países.
Os dados fornecidos pelo IEFP relativos a 2009 e 2010 não estão desagregados por mês, pelo que não é possível fazer-se comparações homólogas directas. Contudo, os números de Março e Abril deste ano já ultrapassaram a média mensal simples do ano passado, que foi de 1909 pessoas. Em Março emigraram 1945 inscritos e em Abril 2104.
Em declarações ao i, Francisco Madelino, presidente do IEFP, disse que nos primeiros quatro meses do ano houve uma quebra nesta emigração de 4,3% relativamente ao período homólogo de 2010. "Mas é cedo para se tirarem conclusões", acrescentou, "porque o maior movimento migratório arranca na Primavera, quando começa a haver procura na hotelaria.
Para além das profissões industriais qualificadas e da hotelaria, outro sector que absorve mão-de-obra nacional e que os desempregados do IEFP procuram são os serviços sociais de apoio à terceira idade, tendo nesta área como principais destinos a Inglaterra e os países anglo-saxónicos.
Angola e Moçambique também foram países bastante procurados como destino, sobretudo em mão-de-obra ligada à construção, que inclui quadros como engenheiros. "Os dois países tiveram alguns anos de crescimento da emigração, mas com as dificuldades que houve nos recebimentos em Angola, o número de trabalhadores que opta por esses países não aumentou", explicou o presidente do IEFP.
A emigração fora do contexto dos centros de emprego do IEFP também tem disparado [ver texto ao lado] e com o programa Erasmus, muitos dos estudantes que vão para fora acabam por não regressar. Há ainda um número cada vez mais significativo de estudantes universitários que optam por fazer os seus mestrados no estrangeiro, não sendo raros os casos em que os melhores não voltam.
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