Miami quer receber professores portugueses no próximo ano lectivo, através de um acordo que está a ser negociado com as autoridades portuguesas, revelou à agência Lusa o superintendente das escolas do principal distrito da cidade, o quarto maior dos Estados Unidos.
"Sou uma pessoa muito impaciente. A partir da altura em que discuto alguma coisa, gosto de vê-la materializar-se. Temos algum tempo, mas adorava ter algo em prática no próximo ano lectivo, que começa em Agosto", disse à lusa Alberto de Carvalho.
Português naturalizado norte-americano que dirige as escolas do condado de Miami-Dade desde Setembro de 2008, Carvalho discutiu no início deste mês, a preparação do memorando de entendimento que está a envolver também o Instituto Camões e com o embaixador de Portugal em Washington, Nuno Brito.
Segundo disse à Lusa, o acordo está a ser moldado à semelhança de outros firmados com Espanha, Itália, França e Alemanha, que negociou directamente ao longo dos últimos anos. Estes prevêem intercâmbio de professores e alunos para ensino de diferentes programas e línguas em Miami.
"Com o Brasil, uma força económica tão potente e a crescer a cerca de 10 por cento ao ano, com um enorme contingente de emigrantes brasileiros e cerca de 70 mil portugueses a viver aqui no estado da Florida - 1,5 milhões no país - com um superintendente português do quarto maior sistema escolar, achamos que era altura de discutir o desenvolvimento de um acordo", adiantou.
O objectivo é o fomento da instrução da língua portuguesa em Miami-Dade, e o vencimento dos professores pode vir a ser suportado pela parte norte-americana, portuguesa, ou ambas. Actualmente, o ensino do português está "modestamente presente" em Miami, e existe até uma escola de ensino básico - Ada Merritt K-8 - e dois liceus em que todo o ensino é bilingue português e inglês.
"O português é ensinado talvez numa dúzia de escolas, em diferentes graus, mas nestas três escolas os alunos estão a aprender não apenas português mas todo o programa em português e inglês em simultâneo", disse à Lusa Alberto Carvalho.
Trabalho de "persistência"
Para o embaixador de Portugal em Washington, Nuno Brito, está em causa um "objectivo estratégico e mais vasto" de implantação do português nos Estados Unidos e mesmo a nível internacional.
"É um trabalho de persistência que tem de ser feito por nós, pelo Brasil e pelos outros países de língua portuguesa. Estamos a ver também se conseguimos fazer pontes com o Brasil nestas áreas", disse à Lusa.
O número de falantes de português tem vindo a subir, existindo actualmente cerca de 300 mil pessoas a aprender a língua nos Estados Unidos, desde o básico ao ensino superior, adianta o diplomata.
Alberto de Carvalho, que apesar de mais de vinte anos dos Estados Unidos fala português fluentemente e segue a actualidade da terra-natal, Portugal, tem "um contacto muito fácil" e importa "manter o diálogo e acompanhar" o seu trajecto na vida pública e até política norte-americana, sublinha o diplomata.
"É uma pessoa com muito interesse, um americano recente, veio de Lisboa e é o superintendente do sistema escolar de Miami. Politicamente falando, está a tornar-se num peso pesado no Estado", considerou.
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