Quais são os símbolos que um emigrante associa à sua definição de Pátria? Que objectos fazem um português que está longe, sentir-se mais próximo do seu país?
A estas questões, Margarida Correia responde com a exposição «New World Parkville», onde põe à vista de quem a visitar, as memórias saudosistas da comunidade emigrante portuguesa residente no bairro de Parkville, em Hartford, cidade do estado norte-americano de Connecticut.
Uma águia em loiça, os livros de Beatriz Costa, vinis de João Villaret, Amália Rodrigues, Maria Albertina, Fernando Farinha, a estampilha de Nossa Senhora de Fátima em sépia, e muitas outras fotografias, retratam momentos, uns recentes e outros de tempos mais longínquos, da comunidade portuguesa em Hartford, cidade para onde no início do século XX os homens foram trabalhar nas fundições ou nas fábricas de máquinas de escrever e as mulheres encontravam emprego nas fábricas de vestuário.
New World Parkville teve início em 2009 como um projecto de arte pública encomendado pela Real Art Ways, uma organização alternativa de artes de Hartford. Margarida Correia mergulhou na comunidade emigrante portuguesa conheceu personagens como o locutor de rádio Manuel Gaspar e João Alves, filho da fadista Maria Alves, ouviu as suas histórias e pesquisou nos seus arquivos pessoais.
O resultado foi uma exposição originalmente apresentada em banners nas ruas de Parkville. À entrada do bairro, foi colocado um outdoor com uma panorâmica da Praia da Nazaré, referida por muitos emigrantes como uma das suas mais fortes memórias fotográficas de Portugal.
É esta exposição que agora pode ser visitada até 18 de Setembro no Museu da Electricidade, em Lisboa.
Margarida Correia nasceu em Lisboa, em 1972, mas vive e trabalha em Nova Iorque. Obteve a Licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e o Bacharelato em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, Portugal.
Fez o mestrado em Fotografia na School of Visual Arts em Nova Iorque e realizou a primeira exposição individual, «Shining», na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (1998) e mais recentemente apresentou Ofício no Museum de São Roque em Lisboa (2010) e New World Parkville, no Real Art Ways (Hartford, 2009).
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
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