Paris, 19 ago (Lusa) -- Os autarcas de origem portuguesa em França, preocupados com o envelhecimento da comunidade, realizarão a partir de outubro vários encontros para discutir o problema, afirmou hoje o responsável da associação Civica à Agência Lusa em Paris.
"O envelhecimento da população em França é uma preocupação de todos os eleitos e é definitivamente crucial para os autarcas de origem portuguesa" no país, declarou Paulo Marques, presidente da associação de autarcas Civica.
Para analisar o envelhecimento da população portuguesa residente em França, os autarcas de origem portuguesa vão realizar, a partir de 10 de outubro e até finais de 2012, "uma série de encontros permitindo refletir sobre o acompanhamento específico à comunidade residente em França", anunciou Paulo Marques.
"Serão encontros entre eleitos franceses e de origem portuguesa em França, profissionais, parceiros sociais, conselheiros das comunidades portuguesas, autoridades francesas e portuguesas", explicou o responsável da Civica.
Uma das questões para a qual a Civica pretende resposta é "qual o lugar e o futuro para os nossos pais, a geração da nossa comunidade [anos 1960 e 1970]".
A Civica pretende também discutir "o lugar dos Estados [Portugal e França], regiões, distritos, Conselho das Comunidades Portuguesas, autarquias francesas e portuguesas, movimento associativo" e outras instituições e organismos.
Para esse efeito, a associação de "luso-eleitos" de França convida os interessados a contribuir com sugestões através da sua página na Internet.
Em relação à "solidão" dos idosos da comunidade portuguesa, o sociólogo Aníbal de Almeida afirmou recentemente à Lusa que "cerca de um terço dos interrogados entre 45 e 70 anos dizem sentirem-se sós, e 13 por cento sentem-se sós com muita frequência".
O sociólogo português, responsável durante vários anos da Santa Casa da Misericórdia de Paris, acrescentava que, segundo o mesmo estudo, "há 46 por cento de idosos que dizem que, por estarem isolados, se sentem angustiados e depressivos".
Várias instituições têm alertado para o risco potencial de carências entre os mais velhos da comunidade emigrante em França. O perfil de carreiras e o nível médio de salários dos velhos e novos emigrantes portugueses, conjugado com as novas regras da "reforma das reformas" em França, resultará numa degradação do nível de retribuições sociais entre a comunidade.
Estatísticas de 2009 sobre as cotizações dos portugueses em França revelam que apenas uma minoria dos emigrantes reformados tem os 150 trimestres de cotização que asseguram a reforma plena.
PRM
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