Graça Castanho, responsável pela pasta que integra as migrações, indicou o Turismo Genealógico, a Parada Gay, a criação da Fundação Casa das Américas e o projecto Cais da Cidadania e Diversidade como algumas das acções que serão postas em prática nas componentes de trabalho Emigração, Regressados (Voluntários e Deportados) e Imigrantes.
Os descendentes de açorianos radicados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, no Brasil, por exemplo, manifestam constante interesse pelo estudo das suas raízes, e, nesse sentido, a direcção regional das Comunidades (DRC) quer avançar com um projecto de promoção designado por Turismo Genealógico.
Trata-se de uma acção que, em traços gerais, visa motivar cada vez mais o interesse pelas origens dos açordescendentes de gerações longínquas, radicadas nos países de acolhimento há dezenas de anos, e que será concretizada em parceria com a direcção regional do Turismo, Associação de Turismo dos Açores e Associação de Emigrantes dos Açores, conforme anunciou Graça Castanho, ontem, no Teatro Micaelense, à margem da Conferência Internacional Metropolis 2011.
"Santa Catarina, por exemplo, já leva 250 anos de colonização açoriana. Essas populações pedem que com elas façamos o resgate das suas origens. Não tem que ver com o turismo em si. Por isso estamos a trabalhar em conjunto com as entidades do sector para promover essa ideia", explicou a directora regional das Comunidades.
Em reunião com os Media, a governante disse ainda que a acção será extensiva à diáspora judaica estando previsto, aliás, a realização do Simpósio Internacional de Judeus Sefarditas e o papel dos Açores, para o ano seguinte.
Essas iniciativas agora avançadas fazem parte do plano de actividades para 2012 da DRC cuja organização de trabalho assenta nos diferentes domínios das migrações - Emigração, Regressados (Voluntários e Deportados) e Imigrantes.
À semelhança do Turismo Genealógico, a ideia de organização de uma Parada Gay ou "Gay Pride Parade nos Açores" fazem parte do domínio Emigração, sendo que a última acção prevista surgiu por interesse das comunidades açorianas que trabalham as questões dos direitos humanos em Massachusetts (EUA), Vancouver (Canadá) e Santa Catarina (Brasil), com o objectivo de "estabelecer network".
"Pretende-se congregar ao projecto várias associações locais que trabalham nesse âmbito como, por exemplo, a UMAR, numa perspectiva de inter-ajuda e consultoria", avançou acrescentando que, em princípio, a ideia será colocada em prática na ilha de São Miguel.
Já a Terceira será palco, pela segunda vez, do Congresso Internacional do Espírito Santo, nos meses de Junho ou Julho de 2012, estando ainda previstos muitos outros programas orientados para as camadas mais jovens, a chamada ‘terceira idade' e, também, especialistas temáticos.
Segundo a lista de intenções da DRC, o encontro de famílias, bolsas universitárias, campos de férias, e projectos à volta da Língua Portuguesa são algumas das diferentes maneiras de fomentar o conhecimento, a cultura e a tradição dentro da esfera Açores no contexto universal.
Deportação em estudo
Entretanto, conforme as palavras de Graça Castanho, a DRC solicitou à Universidade dos Açores um estudo sobre regressados compulsivos - deportados, que estará em falta no conjunto de análises e argumentos na área em questão.
"Será feito durante este ano e lançado em 2012", garantiu a responsável pela pasta das Comunidades.
Neste sentido, e para além do referido estudo, o domínio Regressados coloca em linha de conta a realização do Simpósio Internacional sobre Deportação, uma iniciativa do Centro de Investigação sobre Direitos Humanos do Boston College, que, segundo a governante, pediu a colaboração da DRC, em 2012, cobrindo o fenómeno da deportação em todo o mundo.
"Nós vamos servir de modelo. O Centro considera que os Açores constituem a parte do mundo onde se oferece o melhor programa de integração para deportados", salientou.
O mesmo modelo será igualmente referência para a OIM Cabo Verde que se deslocará aos Açores para uma visita às instituições que recebem deportados e, assim, tomarem conhecimento directo do programa Regressos.
Trata-se de um apoio aos deportados no país de acolhimento e os acolhe nos Açores e tem como responsáveis a DRC e a Rede Internacional de Organizações de Serviço Social.
A União – jornal online, aqui.