O Canadá é um país cuja história e áreas urbanas foram decisivamente moldadas pela imigração. Em particular, após a 2ª Guerra Mundial, várias alterações significativas ao nível tanto das políticas de imigração deste país como do regime migratório global tiveram um papel importante na transformação das principais áreas urbanas do Canadá.
De uma forma geral, os imigrantes tendem a instalar-se nos centros urbanos. Nesta "nova era das migrações", as paisagens sociais, económicas e políticas de Toronto, Montreal e Vancouver - principais cidades do Canadá e "portas de entrada" por excelência para os imigrantes - têm sofrido mudanças radicais. Neste contexto, Toronto, em especial, tornou-se gradualmente uma "cidade multinacional e de imigração", bem como um dos espaços mais multiculturais da América do Norte e de todo o mundo (Tabela 1 e Figura 1).
A relevância da multiculturalidade no contexto canadiano é uma consequência da imigração e, em particular, da internacionalização da imigração para o Canadá que teve lugar principalmente a partir de meados da década de 1960. Desde essa altura, várias alterações profundas ao nível das políticas de admissão e integração de estrangeiros propiciaram a ocorrência de fluxos migratórios heterogéneos a partir de um conjunto diverso de países de origem não-tradicionais. Por exemplo, a Europa Ocidental constituiu até 1981 a principal região de origem dos fluxos migratórios com destino ao Canadá, com a Itália e o Reino Unido a encabeçarem a lista (31% do total). Porém, este padrão alterou-se radicalmente nos tempos mais recentes. Nos últimos anos, a China tem sido o principal país de naturalidade dos imigrantes, seguida pela Índia, Filipinas, Hong Kong, Sri Lanka, Paquistão e Formosa (Taiwan) (Justus, 2004).
Neste contexto, a imigração portuguesa para o Canadá enquadra-se na fase anterior (a europeia): grande parte dos portugueses chegou ao Canadá na década de 1950 e inícios da década de 1960. Este fluxo migratório foi constituído, em grande medida, por imigrantes oriundos dos Açores, que trouxeram para o Canadá - e especialmente para Toronto - as práticas culturais características da sua vida insular. Estes primeiros imigrantes açorianos transformaram literalmente a paisagem visual de diversos bairros de Toronto de modo a reflectirem as suas aspirações e o seu dinamismo. Hoje em dia, os seus descendentes continuam a contribuir para o mosaico multicultural do Canadá através do seu património cultural.
A Imigração Portuguesa para o Canadá: 1953-2007
Como é sobejamente conhecido, a emigração é há muito uma característica da população portuguesa. No entanto, a emigração portuguesa para o Canadá é um fenómeno relativamente recente, que teve início apenas no início da década de 1950. A comunidade luso-canadiana comemorou em 2003 o quinquagésimo aniversário da chegada ao Canadá do primeiro grupo de (oitenta e cinco) imigrantes portugueses, os quais desembarcaram do Saturnia em 13 de Maio de 1953, em Halifax.
Ainda assim, há que recordar que a história dos contactos portugueses com o Canadá remonta ao século XV - altura em que navegadores portugueses alcançaram e cartografaram partes da costa atlântica correspondente ao actual Canadá. Embora os portugueses não se tenham então estabelecido em terra, o registo histórico da sua presença encontra-se preservado na toponímia desta costa - em nomes como Labrador, Cape St. George, Baccalieu Island ou Fogo Island).
Porém, a vinda de imigrantes portugueses em números consideráveis teve de esperar até à década de 1950 e à promoção activa da imigração por parte do Canadá, a qual visou satisfazer a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos de ferro (Anderson e Higgs, 1976; Teixeira, 1999a; Teixeira e Da Rosa, 2009).
Durante esta década, o número de portugueses que chegaram ao Canadá ascendeu a 17.114. Posteriormente, a imigração ao abrigo do reagrupamento familiar contribuiu para a intensificação dos fluxos: 59.677 imigrantes portugueses na década de 1960 e 79.891 na década de 1970. Contudo, estes números começaram a decrescer consideravelmente a partir da década de 1980 - 38.187 nos anos '80, 19.325 nos anos '90 e 2.894 entre 2000 e 2007 -, o que se deveu, em parte, às alterações introduzidas ao nível da legislação e das políticas migratórias canadianas em 1973, mas sobretudo à adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia e ao redireccionamento da emigração portuguesa da América do Norte para diversos países europeus.
Importa salientar que a maioria dos portugueses que emigrou para o Canadá é, ou era, originária dos Açores. Estima-se que entre 60% e 70% de todos os portugueses actualmente residentes no Canadá provenham dos Açores (primeira geração) ou descendam de açorianos (segunda, terceira e quarta gerações). Em termos absolutos, isso corresponde a cerca de 350.000 - 400.000 açorianos ou descendentes de açorianos, para uma comunidade portuguesa residente total constituída por 500.000 a 600.000 pessoas (números não oficiais). É de assinalar que, pese embora o facto dos censos canadianos indicarem "oficialmente" a presença de 357.690 residentes de origem étnica portuguesa, fontes fiáveis no seio da comunidade luso-canadiana sugerem que o seu verdadeiro número é bastante mais elevado - como aliás sucede frequentemente no caso de populações imigrantes (Teixeira e Da Rosa, 2009).
As ilhas dos Açores são, tal como foi já assinalado, a principal região de origem da imigração portuguesa para o Canadá. A emigração tem sido, ao longo da História, uma constante do povo açoriano. Contam-se por milhares o número de açorianos que deixaram as ilhas nos últimos 250 anos. Brasil, Estados Unidos, Bermudas e Canadá têm sido os destinos preferidos. Por conseguinte, actualmente, há mais de 1,5 milhões de açorianos e seus descendentes a viverem no estrangeiro. Destes, aproximadamente entre 350.000 a 400.000 vivem no Canadá e uma boa percentagem (65 a 75%) é oriunda das ilhas de S. Miguel e Terceira.
A maioria dos Açorianos da diáspora é gente que um dia, mais por necessidade do que por razões politicas ou religiosas, deixou o torrão natal em busca de um melhor nível de vida. A maior parte saiu sem família, sem dinheiro e, nalguns casos, com muitas dívidas. Uma vez chegados ao destino final, tiveram de debater-se com o problema da língua e com o consequente choque cultural. Foram muitos os açorianos que, pouco tempo depois de sairem das ilhas e perante as inúmeras dificuldades encontradas no novo meio, pensaram de imediato no "regresso a casa". Infelizmente, para a maioria destes emigrantes era já tarde demais. Primeiro havia que pagar as dívidas (salvando-se assim a honra da família) e, então sim, "sonhar" com o regresso definitivo à "ilha", coisa que raramente aconteceu (Teixeira, 2003).
Quanto aos contextos social e económico que favoreceram a emigração, Afonso Tavares, um açoriano natural da vila de Rabo de Peixe, pioneiro da emigração para o Canadá, explica:
"A vida não era fácil em São Miguel... trabalhava-se duro e forte e ganhava-se muito pouco na altura... Eu tinha dois irmãos que haviam emigrado para as Bermudas e eu o que mais queria era juntar-me a eles. Naquele tempo [princípio dos anos 1950] não era fácil ir para as Bermudas... mas eu tinha uma ‘vocação' para emigrar. Em Fevereiro de 1953, foi anunciado na minha igreja ("Edital') que estava ‘aberta' a emigração para o Canadá. Fui imediatamente à Câmara da Ribeira Grande dar o meu nome como candidato. Poucos dias depois, fui chamado... e um inspector da emigração Portuguesa do Continente reuniu-se com a gente e explicou o que era o Canadá e o que a gente ia encontrar quando [lá] chegasse...ele também disse que o clima do Canadá não era igual ao que a gente estava habituados nos Açores. Mas ele disse - há muita gente a viver lá e ninguem morreu por causa do clima! Ele também disse que o Canadá não era um país conhecido, mas era um país rico. De facto, eu tinha feito a minha instrução primária mas nunca tinha ouvido falar do Canadá... Da América ok... eu pensava que ele [Canadá] era um Estado ou cidade dos USA!" (Teixeira, 2003, pp. 11-12).
Para muitos açorianos, a emigração foi mesmo uma autêntica "aventura", nalguns casos com muitos dissabores e algum sofrimento. Uma vez chegados ao país de acolhimento, havia que trabalhar muito e, frequentemente, em condições bastante difíceis. Como recorda Afonso Tavares, também ele pioneiro da emigração açoriana para o Canadá (Maio de 1953) - juntamente com mais dezassete conterrâneos da ilha de S. Miguel -, no Canadá tiveram de trabalhar duramente:
"Uma vez chegados ao Canadá... na ‘Casa da Imigração' [Montreal]... os agricultores do Quebeque comecaram a chegar para levar quem eles queriam... A maioria dos agricultores, não todos, olhava para a gente... tocava nos nossos braços e nos nossos músculos. Eles queriam ver se a gente era os ‘homens' [bons trabalhadores] que eles queriam. No meu caso olharam para as minha mãos à procura de calos... Eu era agricultor em S. Miguel [Rabo de Peixe] por isso não tive medo nenhum. Fui escolhido... A gente costumava trabalhar bastante nos ‘farms' [Quintas]... às vezes 15, 16 ou mais horas por dia. O nosso patrão gostava muito da maneira como a gente trabalhava e mais tarde deu trabalho a mais dois açorianos que trabalhavam num ‘farm' ali perto [guardando gado]. Lá eles estavam penando... estavam a morrer de fome... havia lá muito leite, mas eles não gostavam do pão canadiano [pão em fatias] que os patrões lhes davam... [para além disso] era ‘pão pelo canto de uma agulha'... era de morrer. O meu ‘farm' era diferente... era uma família italiana [proprietários], por isso havia pão com fartura..." (Teixeira, 2003, p. 14).
Muitos sobreviveram graças à sua grande força de vontade. Não queriam desiludir os que tinham ficado em São Miguel. Acreditavam piamente na força do seu trabalho, o qual abriria as "portas" do Canadá a novos emigrantes Açorianos e não só, pois eram os que acalentavam o sonho de uma vida melhor no continente americano.
A comunidade portuguesa continuou a crescer ao longo das décadas seguintes, e, hoje em dia, encontra-se presente um pouco por todo o território canadiano (Fig. 2). Porém, a maior parte dos luso-canadianos reside nas províncias de Ontário, Quebec, Colúmbia Britânica, Alberta e Manitoba, onde se concentra principalmente nas cidades de maiores dimensões. Em Toronto, Montreal, Vancouver, Winnipeg e Edmonton, é possível identificar comunidades portuguesas relativamente circunscritas e auto-suficientes. As populações destes bairros ("Little Portugals") são maioritariamente oriundas dos Açores, o que explica que sejam por vezes colectivamente designadas por "a décima ilha dos Açores" (Murdie and Teixeira, 2003, 2006; Teixeira, 1999b).
O Impacto do Multiculturalismo nas Áreas Urbanas do Canadá
A partir da década de 1970, a experiência migratória dos portugueses - e dos açorianos em particular - residentes nas áreas urbanas do Canadá tem sido fortemente influenciada pela política multiculturalista oficial do governo canadiano.
Em 1971, o governo federal do Canadá anunciou oficialmente a adopção de uma política multiculturalista com o objectivo de salvaguardar o património cultural único do mosaico de povos que, em resultado da imigração, constituíam uma proporção cada vez maior da população do Canadá.
Embora o termo "multiculturalismo" seja definido e entendido de diferentes formas em diferentes partes do mundo, no contexto canadiano o "multiculturalismo" consiste num conjunto de políticas e programas públicos que visam promover a diversidade das culturas de origem imigrante que têm vindo a transformar a paisagem social, económica e política do Canadá.
Efectivamente, não será exagero afirmar que esta política federal multiculturalista tem desempenhado um papel fundamental ao nível da definição não só das identidades das comunidades imigrantes que compõem o mosaico multicultural do Canadá, como também da própria identidade nacional canadiana (Sandercok, 2004; Belkhodja et al., 2006).
Apesar de tudo isto, há que assinalar que no Canadá - tal como em muitos outros contextos - o multiculturalismo adquiriu um carácter controverso. Os canadianos sempre demonstraram alguma preocupação em relação à forma como os imigrantes se adaptam ao seu país e em relação ao modo como são tratados por aqueles cujos antepassados vieram para o Canadá há mais tempo.
Nos últimos anos, esta preocupação transformou-se num verdadeiro receio, veiculado tanto pela comunicação social como pelo meio académico, em torno da crescente segregação das comunidades imigrantes e minoritárias em cidades como Toronto ou Vancouver.
Estes receios parecem ter aumentado em resultado da crescente diversidade de origens da imigração para o Canadá, traduzindo-se, por exemplo, num aumento do medo em relação ao risco de emergência de fenómenos de radicalismo subversivo entre os jovens pertencentes a certas comunidades.
Dito isto, porém, importa reconhecer que, no Canadá - e especialmente em Toronto -, o papel importante e positivo desempenhado pelo multiculturalismo na promoção da tolerância e respeito mútuos entre as diferentes culturas e comunidades étnicas do país é reconhecido de forma generalizada.
Hoje em dia, "não há dúvida que, em geral, os canadianos reconhecem que vivem numa sociedade pluralista, na qual a igualdade continua a ser um objectivo social importante. Apesar dos seus eventuais defeitos, não há dúvida que o multiculturalismo contribuiu para este reconhecimento e para esta visão" (Troper 2003, p. 46).
O mosaico social emergente e a comunidade portuguesa de Toronto
Em 2006, a cidade de Toronto contava com pouco mais de 2,5 milhões de habitantes. Entrando em linha de conta com as áreas suburbanas que fazem parte da Área Metropolitana de Toronto (AMT), esta população era duas vezes maior.
Hoje em dia, Toronto é também uma das cidades com maior diversidade étnica em todo o mundo (Graham, 2007). Alguns investigadores referem-se-lhe mesmo como "o mundo numa só cidade", em parte devido ao facto de nela residirem imigrantes oriundos de mais de 170 países, que falam mais de 100 línguas diferentes (Figura 3).
Com efeito, em 2001, as minorias ‘visíveis' constituíam 37% da população de Toronto (Anisef e Lanphier, 2003). Durante os anos '90 e o início da década de 2000, quase 40% dos imigrantes que vieram para o Canadá instalaram-se em Toronto - significativamente acima dos 28% correspondentes à primeira metade da década de 1980 (Hoernig e Walton-Roberts, 2006).
Actualmente, cerca de 44% da população de Toronto nasceu fora do Canadá - a mais elevada percentagem entre as cidades globais de todo o mundo, a seguir a Miami, nos Estados Unidos da América (Tabela 1).
Padrões Residenciais da População Imigrante nas Áreas Urbanas e Suburbanas de Toronto
Os padrões residenciais e as experiências de integração das várias comunidades imigrantes presentes em Toronto e nos seus subúrbios são bastante diversas (Figura 4). Por exemplo, certos grupos encontram-se espacialmente concentrados, formando enclaves étnicos - de início, em áreas de chegada de imigrantes próximas do centro de Toronto; mais recentemente, através da sua ‘re-segregação' em áreas suburbanas, ou da imigração directamente para essas áreas (p.e. Mississauga, Brampton, Markham, Richmond Hill,...).
Outros grupos e comunidades apresentam uma maior tendência para a dispersão depois de adquirirem um domínio básico da língua inglesa e após melhorarem a sua posição socioeconómica (Harney, 1985; Murdie e Teixeira, 2006; Muride, 2008). Finalmente, outros ainda tendem a ser rapidamente assimilados após a chegada, não se apresentando espacialmente segregados.
Os padrões residenciais da comunidade portuguesa de Toronto podem ser adequadamente descritos como tendo sido caracterizados por uma fase inicial de concentração espacial, a que se seguiu uma fase posterior de ‘re-segregação' em áreas suburbanas.
Nos primeiros anos do seu processo de estabelecimento enquanto grupo, os portugueses erigiram uma comunidade "institucionalmente completa" no núcleo central da cidade de Toronto, conhecida como "Little Portugal" ("Pequeno Portugal"). Trata-se de um bairro étnico (e enclave económico) com uma identidade forte e bem visível, cujo elevado grau de "completude institucional" é amplamente demonstrado pelo número considerável de empresas, associações e organizações religiosas de portugueses concentradas nesta área.
A presença dos portugueses, e dos açorianos em particular, nesta área da cidade de Toronto traduz-se também no seu isolamento espacial e social face à sociedade de acolhimento. A paisagem visual desta parte da cidade reflecte, de uma forma fascinante, traços culturais da vida açoriana, tal como evidenciado pelas hortas urbanas mantidas pelos seus residentes ou pela decoração exuberante das suas casas, em áreas que eram antes bastante degradadas. Não é por acaso que este bairro é considerado parte da "Décima Ilha dos Açores".
Ainda assim, os padrões residenciais dos portugueses têm vindo a alterar-se ao longo das últimas décadas: em resultado da mobilidade social ascendente de algumas famílias portuguesas e do seu desejo de adquirirem a "casa dos seus sonhos", situada num bairro mais abastado e de preferência nos subúrbios, os portugueses encontram-se hoje em dia presentes em mais partes da cidade do que anteriormente (p.e., Mississauga) (Teixeira, 1999b).
Uma consequência importante da concentração residencial de uma comunidade como a portuguesa consiste no seu impacto sobre o nível de influência e sucesso político dessa comunidade.
Em Toronto e nas áreas suburbanas em seu redor (Mississauga, Brampton Markham, Richmond Hill, Woodbridge), certas comunidades imigrantes ou étnicas (como os chineses, os sikhs ou os italianos) constituem exemplos de comunidades que, em certas partes da cidade de Toronto, conseguiram retirar este tipo de vantagens políticas através da criação de enclaves residenciais que maximizam a sua capacidade de influência política, por via da emergência de círculos eleitorais nos quais se encontram sobre-representados. De uma forma mais geral, a capacidade de representação política das várias comunidades e grupos minoritários, aos níveis municipal, provincial e federal, não tem evoluído ao mesmo ritmo (Bagga, 2007).
No caso da comunidade portuguesa, apesar das cinco décadas de presença que leva já no Canadá, a presença dos portugueses enquanto representantes eleitos em todos os níveis da administração - municipal, provincial e federal - tem sido bastante limitada. A maioria dos luso-canadianos considera que a comunidade deveria ter um melhor desempenho neste domínio, tendo em conta os números consideráveis de portugueses e luso-descendentes que residem nalguns bairros da cidade de Toronto.
Apesar de alguns casos pontuais de sucesso - entre 1995 e os nossos dias, três portugueses foram eleitos deputados à Assembleia Provincial (de Ontário) e um ao Parlamento Federal -, os portugueses de Toronto (e do Canadá em geral) continuam a ser considerados uma comunidade "invisível", sem capacidade de se "fazer ouvir".
Apesar dos indícios de que tanto entre as mulheres desta comunidade como entre os luso-canadianos de segunda geração - nascidos no Canadá - os níveis de participação política têm vindo a aumentar, existe uma necessidade clara e premente de que a comunidade portuguesa residente no Canadá se envolva no processo político deste país de uma forma mais activa e direccionada, de modo a que esse envolvimento reflicta mais adequadamente o peso quantitativo da comunidade e o seu contributo para a sociedade canadiana nos restantes domínios.
As Características da População Imigrante de Toronto: Qual o Lugar dos Portugueses?
Tal como foi já assinalado, a concentração espacial é um importante factor de sucesso ao nível do processo de integração na vida política, económica e cultural. As características e padrões residenciais dos portugueses nas áreas urbanas do Canadá constituem excelentes exemplos deste fenómeno.
Uma das formas de ilustrar as diferenças entre os níveis de segregação espacial dos diversos grupos nacionais ou étnicos é através do índice de concentração residencial. A Tabela 2apresenta alguns valores desse mesmo índice para o caso da cidade de Toronto.
Em termos residenciais, as comunidades que apresentam maiores níveis de concentração são os judeus, seguidos pelos chineses, pelos portugueses e finalmente pelas restantes comunidades (Qadeer and Kumar, 2003).
Os elevados níveis de concentração espacial dos judeus parecem dever-se mais a factores de natureza voluntária (como o desejo de preservação das tradições culturais e religiosas), do que a práticas discriminatórias por parte da população autóctone.
Os chineses e os portugueses apresentam também elevados níveis de concentração, associados em ambos os casos a uma elevada prevalência de situações de posse de habitação própria, tanto no centro da cidade como nos subúrbios.
Tal como sucede com os judeus, a importância atribuída à preservação das tradições culturais constitui uma das causas prováveis da persistência de elevados níveis de concentração espacial entre as comunidades portuguesa e chinesa do Canadá (Figura 5).
Uma outra característica das comunidades imigrantes de Toronto, particularmente da portuguesa/açoriana, é a importância que atribuem à posse de habitação própria e ao investimento na decoração e melhoria da residência.
De facto, a elevada propensão para a aquisição de habitação própria é um dos traços culturais mais significativos que os luso-canadianos trouxeram consigo tanto de Portugal continental como das ilhas.
Em Toronto, os imigrantes exibem níveis de posse de habitação própria iguais ou superiores aos da população autóctone. Por outro lado, a posse de habitação própria tornou-se também em muitos casos um instrumento de mobilidade social e de obtenção de capital, através da venda posterior com vista à mudança para uma residência maior e mais moderna nos subúrbios (Teixeira, 1999b).
Por exemplo, nas décadas de 1960 e 1970, os europeus do sul contavam-se entre as comunidades mais numerosas que então chegavam a Toronto. A vinda de famílias inteiras no âmbito de fluxos migratórios em cadeia propiciou a emergência de áreas residenciais com características próprias, caracterizadas pela presença de espaços religiosos e estabelecimentos comerciais de cariz étnico. Entre os exemplos disto mesmo, contam-se os casos de Kensington Market nas décadas de 1950/1960, ou de "Little Portugal" nas de 1970/1980.
No caso de Kensington, o legado português encontra-se ainda hoje bem patente nas lojas e empresas de portugueses e nas residências pintadas em tons fortes que permanecem como vestígios deste capítulo da extraordinária história deste bairro.
Em 2003, Carlos Teixeira apresentou uma proposta no sentido de que o bairro de Kensington fosse incluído na lista de sítios e monumentos históricos do Canadá, tendo essa proposta sido oficialmente aprovada pelo Ministério do Ambiente canadiano em Novembro de 2006.
Esta inclusão visou reconhecer o importante papel desta área ao nível do acolhimento dos imigrantes, oriundos de diversas partes do mundo, que no passado se instalaram nesta pitoresca parte da cidade de Toronto (Whyte, 2003).
Porém, ao longo das duas últimas décadas, um grande número de portugueses - muitos dos quais açorianos - mudou-se do centro de Toronto para os subúrbios (p.e. Mississauga), em busca da "casa dos seus sonhos" - uma moradia (Figura 6).
Nesta matéria, os portugueses, juntamente com os italianos e os imigrantes oriundos de Hong Kong, exibem uma das mais elevadas taxas de habitação própria: mais de dois terços são proprietários da residência em que habitam (Murdie e Teixeira, 2003).
Por contraste, os imigrantes mais recentes - especialmente as chamadas ‘minorias visíveis' - deparam-se hoje em dia com enormes dificuldades ao nível do acesso ao exíguo e inflacionado mercado de arrendamento da cidade de Toronto. Por exemplo, certas bolsas de concentração de imigrantes afro-caribenhos e africanos, incluindo refugiados, têm sido identificadas em diversas partes da cidade e dos seus arredores, frequentemente em bairros de habitação social (Mensah and Firang, 2007).
A presença crescente de imigrantes recém-chegados e de membros de minorias visíveis em alojamentos de habitação social deve-se à conjugação dos baixos rendimentos dessas famílias com os elevados preços praticados no mercado de arrendamento e com a ocorrência de práticas discriminatórias nesse mesmo mercado.
Importa sublinhar, no entanto, que nenhuma destas áreas de elevada concentração deve ser considerada um gueto, uma vez que apresentam poucas semelhanças com os guetos de grandes dimensões existentes em numerosas cidades dos EUA (Murdie and Teixeira, 2006; Filion and Bunting, 2006; Ley e Smith 1997).
Ainda assim, não há dúvida que a discriminação é uma realidade quotidiana para estes novos imigrantes. Curiosamente, em certos casos esta discriminação parece ser também exercida por imigrantes estabelecidos há mais tempo, incluindo os portugueses.
Num estudo recente, Teixeira (2008) procurou examinar as trajectórias residenciais de três comunidades imigrantes lusófonas de génese relativamente recente - angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos - no âmbito do mercado de arrendamento de Toronto, através da análise das suas experiências ao nível da procura de habitação e dos resultados dessa mesma procura.
Os dados obtidos sugerem que a maioria dos inquiridos foi vítima de algum tipo de discriminação por parte dos senhorios no âmbito das suas buscas por uma casa para arrendar. Tanto os angolanos como os moçambicanos - mais do que os cabo-verdianos - referem a existência de barreiras significativas ao acesso à habitação a preços razoáveis, particularmente no seio da comunidade portuguesa de Toronto.
A Imigração e a Economia Metropolitana de Toronto: "Little Portugal"/"A Décima Ilha dos Açores"
Há muito que a política de imigração canadiana assenta no reconhecimento da importância da imigração como factor de crescimento económico. Os imigrantes oriundos dos mais diversos contextos culturais e sociais que se estabelecem em Toronto constituem um afluxo significativo de capital humano cujas competências diversificadas contribuem positivamente para a economia de Toronto - e de todo o Canadá - através da sua participação no mercado de trabalho, tanto como trabalhadores dependentes como independentes.
Actualmente, a imigração é responsável por cerca de 50% do crescimento da população residente do Canadá e por quase 70% do crescimento da população activa deste país (Teixeira, Lo e Truelove, 2007; Jansen e Lam, 2003).
No actual contexto de queda da fecundidade e de envelhecimento demográfico, a imigração tem vindo a tornar-se uma componente cada vez mais crucial do crescimento das populações activa e total do Canadá.
Em 2003, a imigração foi responsável por 65% do crescimento da população residente; durante a década de 1990, representou quase 70% do crescimento total da população activa do Canadá.
Caso os fluxos migratórios com destino a este país se mantenham constantes aos seus níveis actuais, em 2011 a imigração será responsável pela quase totalidade do crescimento da população activa (Belkhodja et al., 2006; Hoernig e Walton-Roberts, 2006).
No que diz respeito ao contributo dos imigrantes para o desenvolvimento económico de Toronto, um dos aspectos em que o seu impacto tem sido mais significativo é ao nível do papel desempenhado pelos empresários e comerciantes de origem imigrante no crescimento e desenvolvimento da cidade.
Cada vez mais imigrantes têm vindo a tornar-se trabalhadores por conta própria: actualmente, a proporção destes entre a população imigrante é bastante mais elevada (15%) do que entre a população autóctone (12%) (Teixeira, Lo e Truelove 2007).
Este fenómeno é especialmente notório no caso de comunidades imigrantes - tais como a chinesa, a italiana, a portuguesa, a grega ou a polaca - que se estabeleceram na paisagem urbana de Toronto enquanto comunidades relativamente circunscritas e ‘institucionalmente completas' e enquanto enclaves económicos de cariz visivelmente étnico (por exemplo, "Chinatown" na área de Dundas/Spadina; "Little Italy" na área de College; "Little Portugal", também em Dundas/Ossington; ou "Little Greece", na área de Danforth) (Figura 7).
O enclave económico associado à comunidade portuguesa - "Little Portugal", ou a "Décima Ilha dos Açores" - exibe algumas das características típicas das empresas e estabelecimentos detidos por luso-canadianos: a dimensão (pequena e de cariz familiar), o recurso muito frequente à mão-de-obra familiar e co-étnica e o facto da sua clientela ser ela própria maioritariamente luso-canadiana. Neste sentido, a maioria dos bens e serviços oferecidos em "Little Portugal" encontra-se em grande medida orientada para o "mercado da saudade": produtos portugueses importados e/ou serviços prestados em português.
No que diz respeito aos pequenos estabelecimentos comerciais Portugueses e a sua importância na gastronomia do emigrante, Flávio Paiva (2004), recorda que mesmo longe da terra mãe nada falta lá fora em termos de produtos do chamado "mercado da saudade". Referindo-se mais especificamente às cidades Canadianas de Winnipeg e de Toronto onde se concemtram milhares de Acorianos:
"A alimentação é um dois elementos da cultura material do açoriano mais difíceis de mudar... nunca se adaptam à comida norte-americana do ‘fast food'... No plano gastronómico, ha ‘shops' em Winnipeg de comerciantes portugueses que vendem de tudo o que há na Ribeira Grande: peixe fresco, massa sovada, chouriços, morcelas e torresmos de ‘vinha d'alhos', semelhantes aos do Ildeberto Gouveia, pimenta da terra, inhame, queijo de cabra (sem ser embrulhado, claro, em folhas de conteira), bolo lêvedo das Furnas, ananás de estufa, licor de maracujá do Ezequiel e até pé de torresmo. Hoje pode-se comprar tudo feito e levar para casa (‘take away'). Para traduzir a facilidade com que os produtos alimentares são importados, costuma dizer-se na brincadeira, que um residente nos Açores, que queira comer lapas ou cracas frescas, deverá ir a Toronto."
Em algumas cidades Canadianas existem mesmo certas ruas onde se concentram várias famílias da mesam ilha e/ou do mesmo concelho/freguesia. Nesses "bairros" ditos étnicos ("Little Portugal" or "Tenth Azorean Island") que os açorianos ajudaram a construir e onde, em muitos casos, têm grande visibilidade, sentem-se em casa. Aí partilham alegrias e tristezas. Vivem os "Açores e Portugal" sem esquecer as suas raízes na terra onde nasceram.
A questão que se coloca hoje em dia consiste em saber se "Little Portugal", bem como os outros enclaves e economias de cariz étnico existentes há mais tempo em Toronto, irão continuar a crescer ou se, pelo contrário, tenderão a desaparecer gradualmente no contexto de uma geografia social mais assimilacionista, como consequência da "internacionalização da imigração" para Toronto.
Tal como assinalado por Wallace (2000), o planeamento e implementação das políticas locais de integração numa cidade multicultural como Toronto caracterizam-se por alguns paradoxos. Por um lado, a maioria dos decisores locais reconhece que as comunidades imigrantes têm vindo a transformar a estrutura física e social da cidade, tendo já havido casos em que essas mesmas comunidades foram activamente envolvidas nos processos de planeamento e decisão. Por outro lado, muitos dos responsáveis e decisores locais poderão não estar ainda plenamente preparados para aceitar a ideia de um planeamento favorável ao multiculturalismo e à multiculturalidade.
Toronto Multicultural e a Comunidade Portuguesa: Que Futuro?
De acordo com as melhores projecções disponíveis, é provável que o volume da imigração com destino ao Canadá se mantenha estável em torno dos 225.000 imigrantes por ano e que a maior parte desta população tome como destino a cidade de Toronto e nela se estabeleça. Tendo em conta a crescente internacionalização da imigração para o Canadá, parece ser certo que o peso das ‘minorias visíveis' na população de Toronto irá aumentar exponencialmente. Estima-se que, por volta de 2017, cerca de metade da população da área metropolitana de Toronto pertencerá a uma das ‘minorias visíveis' (Murdie e Teixeira, 2006).
Em termos de trajectórias residenciais, parece provável que, no caso de Toronto, as comunidades imigrantes continuem a suburbanizar-se, tanto através da re-segregação nos subúrbios após passagem inicial pelo núcleo central da cidade, como através da imigração directamente com destino às áreas suburbanas da Grande Toronto.
Os níveis de segregação entre algumas comunidades imigrantes e a restante população permanecerão certamente elevados, o que terá como resultado um padrão espacial cada vez mais fragmentado e economicamente diferenciado, caracterizado pela existência de enclaves étnicos em diversas partes da cidade (Murdie e Teixeira, 2006).
Ainda assim, importa recordar, juntamente com diversos investigadores e observadores dos processos de integração da população imigrante da cidade de Toronto, que são múltiplos os obstáculos com que os imigrantes se deparam após a chegada: garantir um alojamento adequado a um preço comportável, arranjar emprego, melhorar as competências linguísticas e profissionais, assegurar o acesso a cuidados de saúde e adaptar-se a uma nova cultura.
Apesar de Toronto ter pela frente um conjunto de desafios de monta ao nível da gestão da integração de um número cada vez maior de imigrantes provenientes de origens cada vez mais diversas, a maior parte dos analistas e observadores considera que o futuro da "Toronto Multicultural" é risonho.
Em grande medida, isso deve-se ao reconhecimento generalizado - por parte de todos os níveis da administração canadiana - de que Toronto constitui o principal elemento dinamizador da economia do Canadá e de que a população imigrante desempenha um papel central nesse processo (Siemiatycki et al., 2003).
De certa forma, é justo afirmar que a imigração com destino a Toronto é, para o Canadá como um todo, uma autêntica "galinha dos ovos de ouro" em termos económicos. Consequentemente, assegurar a manutenção futura deste estado de coisas é do interesse de todos os níveis da administração. Desde que sejam adoptadas políticas sensatas, é provável que a Toronto do século XXI se torne cada vez mais "o Mundo numa só Cidade".
E em relação à comunidade portuguesa e açoriana de Toronto, que podemos esperar? No longo prazo, a sobrevivência das comunidades e bairros luso-canadianos da área metropolitana de Toronto (e de outras cidades canadianas) nos moldes actuais será provavelmente problemática.
São muitos os factores que concorrem nesse sentido: a redução dos fluxos migratórios de Portugal para o Canadá; a deslocação de muitos imigrantes portugueses de primeira geração do centro para os subúrbios; os níveis crescentes de escolaridade e assimilação entre as novas gerações de luso-canadianos; a existência de ameaças internas e externas que podem afectar a comunidade, tais como a chegada de outras comunidades e grupos étnicos (como os chineses, no caso de Toronto); a reabilitação/gentrificação de áreas centrais da cidade; e o aumento do preço das habitações e dos impostos municipais relevantes no caso dessas mesmas áreas centrais.
A todos estes factores, há ainda que acrescentar o sonho, por parte de algumas famílias imigrantes (sobretudo entre a primeira geração), de regressar a Portugal continental ou aos Açores após a reforma.
Neste contexto, as transformações que a comunidade portuguesa/açoriana vier a sofrer ao longo das próximas décadas assumirão certamente uma importância central para a sua existência no longo prazo.
Apesar dos factores atrás indicados desempenharem um papel muito significativo neste processo, é certamente legítimo afirmar que o futuro dos portugueses residentes no Canadá se encontra verdadeiramente nas suas próprias mãos.
Tal como vimos, ao mesmo tempo que a população total do Canadá, e particularmente a sua população imigrante, tem vindo a internacionalizar-se, os portugueses têm contribuído para o mosaico multicultural do Canadá através da sua própria especificidade cultural. Ao fazê-lo, a cultura açoriana assumiu uma forte presença visual na paisagem do centro da cidade de Toronto. A manutenção (ou não) desta situação no futuro continua a ser uma questão em aberto, cuja resposta depende fundamentalmente das novas gerações de luso-canadianos.
Embora seja de esperar que os seus níveis de assimilação continuem a aumentar nos próximos anos, nesta altura é difícil antecipar até que ponto é que estas novas gerações procurarão preservar a cultura e as tradições dos seus antepassados. O seu empenhamento para valorizar a especificidade do seu património linguístico e cultural, enquanto portugueses e açorianos, determinará o futuro desta comunidade no Canadá.
Apesar das saudades que sempre sentiram da sua terra natal, sublinhe-se que os emigrantes Açorianos de uma maneira geral raramente regressaram definitivamente à terra onde nasceram. Foram para ficar, criaram raízes, integrando-se nas sociedades de acolhimento para onde se dirigiram.
Alguém já o disse: "Quem quiser conhecer os Açores e os Açorianos não pode ignorar a realidade emigratória". Entretanto, é importante sublinhar que a corrente emigratória Açoriana mudou drasticamente nas últimas três décadas.
Depois de quase três séculos de terra de emigração, os Açores, passaram a ser mais terra de imigração. Esta mudança constitui um sinal do desenvolvimento socioeconómico da região, pelo que os filhos/filhas da terra não têm que sair à procura de um futuro melhor no estrangeiro. Conscientes disto e do facto de que os Açores sem emigração não seriam a região que hoje conhecemos, estão os actuais responsáveis pelo Governo Regional.
Por aquilo que temos presenciado na Canadá, nas últimas décadas, tem sido preocupação das autoridades da Região, criar uma "ponte" - estreitar os laços - com os Acorianos da diáspora.
Por exemplo, o ainda jovem "Museu da Emigração Açoriana", com sede na cidade da Ribeira Grande é já uma realidade e surge, como explica o seu Director - Rui Faria - "como emblema de reconhecimento para com todos aqueles que fizeram parte de um pedaço importante da nossa história Açoriana - A Emigração." Segundo ele, "o Museu tem o dever de dar a conhecer a história e cultura, os sucessos e os percalços, as aventuras e perigos por que passaram todos os nossos emigrantes Açorianos, desde Santa Maria ao Corvo..." (Teixeira, 2007, p. 71).
Portanto este Museu, que se quer seja um "espaço vivo" da história Açoriana da Emigraçao pretende também recordar e passar às novas gerações de Açorianos (das ilhas e do Canadá) uma parte importante da história dos Açores e dos Açorianos no Mundo. Enfim, um reconhecimemto para todos os que um dia tiveram de partir à procura de uma vida melhor mas que não esquecem as suas raízes!
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(Este trabalho foi publicado no livro "Aproximando Mundos: Emigração, Imigração e Desenvolvimento em Espaços Insulares" (2010), sob Coordenação da Drª Maria Lucinda Fonseca).CARLOS TEIXEIRAProfessor da Universidade da Columbia Britânica, Okanagan, CanadáNatural de S. Miguel, residente no Canadá
O Mundo Açoriano, aqui.