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EUA: crianças portuguesas têm menos condições
2011-11-10
Uma investigadora portuguesa nega que as crianças luso-descendentes sejam menos inteligentes e bate-se pelas mesmas condições de acesso à educação para todas as comunidades

A inteligência das crianças luso-americanas é com frequência questionada por professores de escolas públicas norte-americanas, quando é a falta de condições destas a principal causa de insucesso escolar, afirma a investigadora universitária Maria Pacheco.

«A percepção de que as crianças portuguesas têm baixa inteligência é mais comum do que o que se pensa», disse a investigadora, natural da ilha das Flores, Açores. Mas, de quem é a culpa? Em«noventa por cento dos casos [o insucesso] não tem nada a ver com a inteligência, tem a ver com preparação, falta de acesso a aulas mais rigorosas, professores mais preparados,uma certa apatia da parte da comunidade». 

Em cidades como New Bedford, Fall River ou Newark, grandes concentrações de luso-americanos na Costa Leste, as escolas públicas são muitas vezes a única opção para os pais emigrantes e oferecem más condições de ensino.

Um estudo geral recente em Fall River, onde grande percentagem dos alunos é de ascendência portuguesa, indica que menos de 60 por cento dos jovens acaba o liceu, e que destes apenas 25 por cento seguem para licenciatura, com outros 30 por cento a irem para universidades comunitárias (community college), que oferecem bacharelatos com poucas saídas para empregos bem remunerados. Ou seja, a raiz, afirmou, está na falta de qualidade do ensino público nas escolas e liceus, embora os professores destas digam muitas vezes que «os portugueses não têm grande interesse na educação e isso está ligado a nível sócio-económico», afirma em conversa com a Lusa.

A experiência de Maria Pacheco também fala por si: «Eu trabalhei muito com famílias em Taunton [Massachussets] e continuo a ter contactos ali. Conheço a realidade e poucos que não se interessam que os filhos sejam bem sucedidos [nos estudos]. Os portugueses não são menos interessados, ninguém me convence isso». 

«Não sou uma pessoa elitista que acredita que todos têm de ir para a universidade. Mas todos têm de ter oportunidade de ir, se quiserem, e para isso têm de ser preparados pelas escolas públicas e isso não está a acontecer», critica esta açoriana, filha de um lavrador. «Essa tem sido a minha luta, criar condições para que todas as crianças tenham oportunidades».

Por tudo isto, Maria Pacheco, professora universitária, mestre em Estudos Multiculturais da Universidade de Brown, vai receber o prémio da associação luso-americana PALCUS por «Liderança na Educação», ao fim de quase quatro décadas dedicadas ao ensino e ao acompanhamento das escolas do país, com particular ênfase em minorias como a hispânica e afro-americana.    

TVI 24, aqui.

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