Nova Iorque, 11 nov (Lusa) -- A comunidade portuguesa na Califórnia tem baixas expetativas quanto ao impacto da visita do Presidente da República ao Estado, na captação de investimento para Portugal e atenção às necessidades dos luso-americanos.
Elmano Costa, Conselheiro das Comunidades na Califórnia, congratula-se pela visita de alto nível, especialmente porque passaram mais de 20 anos desde que um chefe de Estado visitou a comunidade no Estado da Costa Oeste que, depois da Austrália, é a que está "mais longe de Portugal", mas diz ter "poucas expetativas" quanto ao impacto.
"O que precisamos de Portugal são serviços consulares, mas isso parece que agora não acontecerá. Temos um consulado para 360 mil luso-descendentes e a servir um território que é quatro vezes maior que Portugal. Em que qualquer outra parte da emigração há tanta falta de mais consulados? Sentimo-nos abandonados", diz à Lusa.
Por isso, afirma, a comunidade não participa nas eleições portuguesas -- nas últimas presidenciais foram 16 os votantes no Consulado de São Francisco -- enquanto adere em "grande percentagem" às norte-americanas.
Em relação à capacidade de atrair investimento de Silicon Valley para Portugal, Costa duvida da "capacidade de Portugal de competir", embora ofereça "todo o apoio ao Presidente".
Depois da visita dos dias 12 e 13, Cavaco Silva irá também a Silicon Valley, no dia 14, para contactos de promoção do país, junto de empresas e centros de apoio à criação de empresas e fará uma intervenção pública na Universidade de Stanford.
Tony Goulart líder comunitário e presidente da editora Portuguese Heritage Publications, prevê que a visita de Cavaco Silva seja recebida com "respeito e com grande dose de hospitalidade" pela comunidade, mas também não antevê resultados.
"A resposta dada pela comunidade é nota saliente da receção calorosa que quer oferecer ao Presidente, apesar de não se alimentarem quaisquer falsas expetativas acerca do impacto desta passagem e encontro", diz à Lusa.
Na Califórnia, Cavaco Silva irá no domingo à missa na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, e será saudado pelas várias filarmónicas locais, antes de oferecer um jantar à comunidade num "dos ambientes mais requintados da cidade de San José, o salão Imperial do Hotel Fairmont" que já tem lotação esgotada, com cerca de 700 convivas.
O custo deste jantar oferecido pela Presidência numa altura de crise em Portugal suscitou alguns protestos, incluindo do diretor do jornal comunitário Portuguese Tribune, José Ávila, e acabou por ser aceite que cada participante doe 50 dólares a uma associação de caridade local, num total esperado de 35 mil dólares.
Manuel Bettencourt, da POSSO, instituição que vai receber o donativo, e da Luso American Foundation for Education (Educação), espera que o Presidente leve um apelo ao investimento em Portugal pela comunidade na Califórnia, onde existem grandes fortunas ligadas à agricultura e laticínios, mas antevê dificuldades.
"A maioria não está inclinada para investir em Portugal, dizem que é difícil começar uma empresa em Portugal, outros que, quando se abre uma fábrica e não conseguem continuar a empregar as pessoas que contrataram, é muito difícil despedir. Na minha opinião deveriam tentar flexibilizar as coisas em Portugal", adianta.
De modo geral, a comunidade vive a visita "com regozijo" e está a segui-la "com muito interesse", afirma.
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