Um em cada cinco enfermeiros está desempregado e os que têm emprego acumulam situações de precariedade laboral, segundo um estudo esta quarta-feira divulgado pela Ordem dos Enfermeiros (OE).
O estudo indica que está a aumentar o número de enfermeiros sem emprego, aproximando-se dos 20 por cento (um amento de 1,2% em relação ao ano passado), o número de precários (45%) e o período temporal de acesso à profissão, escreve a Lusa.
Três em cada quatro enfermeiros sem emprego não têm qualquer actividade profissional e os restantes estão a exercer outra profissão, sendo que a grande maioria nunca teve uma proposta de emprego nesta área.
O estudo revela ainda que a falta de emprego atinge mais o norte do país (59%) do que o sul (7,7%), com os enfermeiros formados no distrito de Setúbal, Santarém e Évora a apresentarem os melhores níveis de empregabilidade, contrariamente aos profissionais formados no estrangeiro, na região autónoma da Madeira e no distrito do Porto.
A maior percentagem de enfermeiros encontra-se em Lisboa (30,2%), seguida do Porto (12,5%) e do estrangeiro (9,6%).
«A emigração continua a ser uma solução para um número relevante de jovens», aponta o estudo, revelando um aumento do número de enfermeiros a emigrar, situado nos 7,7%.
A projecção para a generalidade dos enfermeiros formados em 2008, 2009 e 2010 permite calcular que um total de 873 enfermeiros saiu do país à procura de outras oportunidades, sendo Espanha, Inglaterra, Suíça, França e Canadá os principais destinos de eleição.
O estudo revela ainda que a precariedade está a generalizar-se entre os jovens enfermeiros, com um total de 65,51% de respondentes ao inquérito a responder que estão desempregados ou em situação precária.
Partindo da estimativa do número de enfermeiros formados nos últimos três, o estudo indica que estarão sem emprego ou em condições precárias em Portugal 7.438 enfermeiros.
Relativamente à precariedade, 45,6% têm vínculo laboral precário, 22,8% trabalham com contractos a termo certo, 18,7% estão em regime de prestação de serviços (recibos verdes) e 4,1% em estágio profissional remunerado.
Apenas 0,45% exercem em dois locais a tempo completo (35 horas ou mais), embora uma percentagem significativa revele trabalhar algumas horas extra além do seu emprego principal: 13,22% têm um emprego a tempo parcial além do principal e 0,82% têm dois empregos a tempo parcial além do trabalho principal.
O estudo aponta também um aumento de estágios profissionais em «programas cada vez mais desregulados» (17%) e afirma que as instituições exigem experiência profissional e residência próximo da instituição como principais critérios de escolha.
«Há cada vez mais enfermeiros que se sentem discriminados ou sentem a sua dignidade profissional afectada enquanto procuram emprego (42% dos inquiridos)» e a intenção de abandono da profissão é superior à manifestada no ano passado, com 39,66% dos enfermeiros a admitir ponderar ou já ter ponderado essa opção.
O estudo sobre a «Situação Profissional dos Jovens Enfermeiros em Portugal ¿ 2011» constitui a terceira edição deste «instrumento de monitorização» criado pela OE e baseou-se num inquérito aos enfermeiros que se inscreveram na ordem entre 1 de Janeiro de 2008 e 31 de Dezembro de 2010.
O número de participantes no estudo tem vindo a aumentar: 45,62% relativamente ao ano passado e 88,9 em relação a 2009).
TVI24, aqui.