"A comunidade portuguesa da Bélgica não quer o fim do ensino de português na Bélgica e está atualmente a organizar-se com o objectivo de recolher um máximo de assinaturas através de um abaixo-assinado", explica o conselheiro num comunicado enviado a O Emigrante/Mundo Português. Pedro Rupio revela que a recolha de assinaturas está a ser feita nos estabelecimentos portugueses Casa Peixoto, Castiço, Euro Alimentar 1, Ibérico, Nova Primavera e Os Sabores de Portugal.
O comunicado foi enviado, entre outros, a alunos, pais e professores da escola portuguesa, empresários, associações e clubes de futebol locais e ainda a deputados do Parlamento Europeu e ao gabinete do Presidente da Comissão Europeia
No documento que acompanha as páginas destinas às assinaturas, o conselheiro afirma que as intenções do Governo português "são pouco claras e procuram, encobertas pelos reflexos da crise económica, proceder a uma reestruturação do EPE". Para Pedro Rupio, o discurso oficial «encobre» outra realidade. "Sem nuvens nem poeira nos olhos, os portugueses compreendem bem quais as verdadeiras intenções: retirar um direito, garantido pela Constituição Portuguesa, que confere aos filhos dos emigrantes o acesso aos cursos de Língua e Cultura Portuguesas", acusa, acrescentando que em dois anos "perderam-se mais de 200 cursos de LCP (Língua e Cultura Portuguesa)" e "mais de vinte mil alunos" viram-se privados da frequência desses cursos.
Num comunicado anterior, o conselheiro já havia afirmado que a comunidade portuguesa na Bélgica está a viver "um momento histórico", como em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. "Até parece mentira estar agora a escrever estas palavras: o Ensino do Português no Estrangeiro pode estar muito próximo do fim", acusa o conselheiro, acrescentando que tal é "um atentado à nossa dignidade, uma falta de respeito sem precedente pelos nossos direitos e um ataque à nossa inteligência".
"A reacção da nossa comunidade, e de todas as comunidades, deve mobilizar cada um dos cinco milhões de portugueses da diáspora de forma bem clara porque se ficarmos de braços cruzados, os nossos filhos perderão o acesso à aprendizagem da língua e cultura portuguesas de forma irreversível", afirma ainda.
A.G.P.