Cerca de uma dezena de professores gritou hoje «Emigra tu» à porta da residência oficial do primeiro-ministro em protesto pelo facto de Passos Coelho ter sugerido aos docentes a emigração como solução para a falta de emprego, noticia a Lusa.
O objectivo do protesto era dizer ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho que não há professores a mais e que se alguém deve emigrar é ele, mas a acção de protesto acabou por ficar marcada pela fraca adesão de manifestantes.
Alguns metros acima da porta da residência oficial do primeiro-ministro, cerca de uma dezena de professores gritava «Emigra tu» pelo facto de Passos Coelho ter sugerido, numa entrevista, que os docentes devem olhar para «o mercado de língua portuguesa» como uma alternativa ao desemprego que afecta a classe em Portugal.
«Estamos aqui em reacção a declarações inaceitáveis do primeiro-ministro e estamos aqui a sugerir que ele próprio vá emigrar e temos aqui vários bilhetes de avião para escolher para onde é que quer emigrar», explicou à Lusa um dos membros do Grupo de Protesto dos Professores Contratados e Desempregados (GPPCD).
A acção de protesto foi convocada através da rede social Facebook pelo grupo «Indignados nas Escolas» e à qual o GPPCD se associou «imediatamente».
Na opinião de Miguel Reis, as declarações do primeiro-ministro mostram desconhecimento da realidade, tendo em conta a actual taxa de abandono escolar e de insucesso escolar, ao mesmo tempo que foi aumentada a escolaridade obrigatória.
«Um primeiro-ministro que desiste das pessoas e do país e diz isto, é ele que está a mais e não os professores», apontou.
Garante, por outro lado, que não há professores a mais, mas sim turmas sobrelotadas e muitos alunos com problemas de sucesso escolar.
«Chegamos a ter, nas escolas das zonas periféricas de Lisboa, mais de trinta alunos por turma e o número máximo, os 28 alunos, é geralmente ultrapassado por alunos que vão chegando a meio do ano, por exemplo. Como é que nós com turmas com 30 alunos podemos dizer que temos professores a mais», questionou.
Acrescentou que em turmas com esta dimensão «é impossível» um professor dar a mesma atenção a todos e que os alunos não conseguem aprender «os mínimos necessários».
«Não temos professores a mais, temos é insucesso escolar a mais e temos professores a menos para combater esse insucesso», defendeu.
TVI 24, aqui.