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Joanesburgo, 11 jan (Lusa) - Os conselheiros da comunidade portuguesa da África do Sul transmitiram ao secretário de Estado José Cesário uma grande preocupação com o envelhecimento e crescente empobrecimento da comunidade, em particular da primeira geração de portugueses que emigraram para este país.
Silvério Silva, membro do Conselho Permanente das Comunidades e coordenador deste órgão para a África do Sul, disse à Lusa que o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, ficou muito sensibilizado com a situação de carência vivida por um número crescente de portugueses idosos, sem pensões de reforma nem na África do Sul nem em Portugal ou, em alguns casos, com pensões muito pequenas.
Desfazendo o mito de que todos os emigrantes portugueses tiveram sucesso na diáspora, o conselheiro Silvério Silva afirmou à Lusa, após um encontro com José Cesário, que as organizações de solidariedade social da comunidade portuguesa, em particular a Sociedade Portuguesa de Beneficência, sediada em Joanesburgo, trabalham nos limites da sua capacidade financeira para acorrer aos casos de pobreza e exclusão social que se verificam entre a primeira geração de portugueses que emigraram para este país.
"As reformas de que alguns beneficiam, cá ou lá (em Portugal) não pagam sequer as suas deslocações de casa para as instituições que deles cuidam, muitos nem têm o suficiente para comprar os seus produtos de higiene pessoal, e embora a Sociedade Portuguesa de Beneficência tenha feito um sacrifício grande em aceitar aqueles que não podem pagar ou podem pagar pouco, a situação é grave sem subsídios", disse Silvério Silva.
Este responsável manifestou esperança numa intervenção do secretário de Estado das Comunidades português e referiu que José Cesário garantiu, "numa entrevista dada há pouco tempo", "existirem verbas para atenuar estes problemas".
"Ele garantiu que existem verbas para estas associações e instituições, das quais o governo português dispõe conforme as necessidades e, se tivermos uma necessidade grande, o dr. José Cesário, que é um amigo grande deste país e sabe as dificuldades que aqui passamos, em particular os idosos e também os jovens, as disponibilizará", concluiu o conselheiro.
Verbas do Apoio Social a Idosos Carenciados (ASIC) têm sido regularmente atribuídas a vários portugueses e instituições na África do Sul pelo Estado português no passado, e o conselheiro apela a mais apoios no futuro.
Preocupações com o futuro do ensino do Português foram igualmente transmitidas ao secretário de Estado das Comunidades, tendo os conselheiros ficado "satisfeitos", segundo Silvério Silva, com as explicações dadas por José Cesário, que lhe teria garantido que o governo português tentará colmatar as grandes dificuldades na contratação de professores com maior formação a dar, no futuro, a docentes locais.
Outras hipóteses estão ainda em discussão entre a secretaria de Estado, o Instituto Camões e a coordenação do ensino do Português na embaixada de Portugal em Pretória, disse à Lusa José Cesário, que hoje termina uma visita de cinco dias a Joanesburgo e Pretória.
AP
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