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Lisboa, 24 jan (Lusa) - Representantes do movimento contra o fecho do vice-consulado de Portugal em Osnabrück, Alemanha, entregaram hoje na Assembleia da República, em Lisboa, 4.900 assinaturas, naquela que é a primeira petição promovida por emigrantes a chegar ao parlamento.
"É a transmissão da vontade de uma grande comunidade, solidária e firme, que no espaço de seis semanas conseguiu promover a primeira petição por parte das comunidades. São cerca de 4.900 assinaturas que são a expressão de quem quer continuar com um elo a Portugal, com a sua estrutura [consular], que tem prestado um bom trabalho, e a representar bem Portugal junto das autoridades germânicas", disse à agência Lusa Nelson Rodrigues, que lidera o movimento "Osnabrück não desiste".
O responsável falava à saída de uma audiência com o vice-presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, que recebeu as assinaturas.
O encerramento do vice-consulado de Portugal em Osnabrück, juntamente com os postos de Frankfurt, também na Alemanha, e Clermont-Ferrand, Nantes e Lille, em França, foi anunciado em meados de novembro pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, tendo suscitado uma onda de contestação das comunidades atingidas.
Os postos encerraram o atendimento ao público a 13 de janeiro, devendo no final de fevereiro deixar de funcionar completamente.
Os membros do movimento pela manutenção do vice-consulado querem ver o assunto debatido no parlamento, numa tentativa de travar o encerramento, que acreditam ter sido ditado por falsos pressupostos de poupança.
O responsável do movimento "Osnabrück não desiste" lembrou o apoio da população e das autoridades alemãs aos protestos da comunidade portuguesa, alertando para o facto de o encerramento do posto poder comprometer o apoio alemão ao ensino da língua portuguesa.
"Os alemães notam que o Estado português se está a retirar. Porque razão é que vão continuar a investir na parte portuguesa? No fundo [o fecho do consulado], é uma rejeição dessa relação", disse.
Adiantou que naquela região 80 por cento dos cursos de português são financiados pelas autarquias, mostrando-se convencido que em breve esse apoio acabará.
Antes do encontro com Ferro Rodrigues, os representantes do movimento foram recebidos por deputados dos partidos Comunista e Socialista e durante o dia de hoje têm ainda reuniões com membros dos restantes grupos parlamentares.
Em declarações à Lusa após o encontro, o deputado socialista eleito pela Europa, Paulo Pisco, considerou que a petição demonstra "a força da comunidade portuguesa, que é ativa, dinâmica e está mobilizada e interessada em defender os seus direitos".
A petição agora entregue no parlamento deverá ser apreciada na comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesa no prazo de um mês, devendo posteriormente ser debatida em plenário, onde todos os partidos tomarão posição relativamente ao encerramento dos postos consulares.
Paulo Pisco reconhece que "é uma esperança um pouco remota" pensar que a petição poderá evitar o fecho do vice-consulado, mas adiantou que "os peticionários têm esperança que o Governo ganhe bom senso e inverta a decisão que tomou".
CFF
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