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OCDE: Portugueses na Suíça em risco de desemprego
2012-02-15

Os imigrantes portugueses residentes há menos de cinco anos na Suíça têm "baixos níveis de ensino" e "ocupações de média e baixa qualificação", estando sujeitos a "elevado desemprego", refere um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).

No documento "O mercado de trabalho - integração dos imigrantes e seus filhos na Suíça", divulgado hoje, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico realça que, em contraste, os imigrantes recentes oriundos da Alemanha e de outros países do Espaço Económico Europeu (EEE) têm, "na maioria, elevados níveis de ensino" e estão até "sobrerrepresentados em funções altamente qualificadas", registando uma taxa de desemprego "semelhante à dos nativos".

Para além de Portugal, a única exceção verificada no EEE - que nasceu de acordos entre a antiga Comunidade Económica Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), criando uma zona de comércio livre - é a Itália.

Assinalando que, em geral, os recém-chegados da União Europeia "têm resultados altamente favoráveis no mercado de trabalho" suíço, a OCDE indica, porém, que "os imigrantes de Portugal, em particular, enfrentam um elevado desemprego".

Os imigrantes de Portugal - que, em outubro do ano passado, o Conselho das Comunidades Portuguesas estimava em cerca de 220 mil - "enfrentam frequentemente dificuldades significativas na integração no mercado laboral" suíço, o que a OCDE atribui aos baixos níveis de ensino dos portugueses e considera que explica os menos bem sucedidos resultados dos seus filhos.

A situação dos portugueses contrasta com a perspetiva global sobre a imigração na Suíça. Segundo a OCDE, em média, os imigrantes oriundos dos países da UE residentes há menos de cinco anos na Suíça "desempenham funções que correspondem ao seu nível de qualificações em maior número do que os nativos, o que sugere que as suas competências correspondem às necessidades laborais".

Em geral, a taxa de emprego dos imigrantes está apenas cinco por cento abaixo da dos nativos, percentagem a que não é alheio o facto de a maioria dos imigrantes vir de países de recursos elevados. Desde 2002 que a Suíça recebe um grande fluxo de imigrantes oriundos do espaço da União Europeia.

Atualmente, 27 por cento da população laboral ativa na Suíça nasceu no estrangeiro e mais de 5 por cento tem residência há menos de cinco anos.

Entre a população imigrante residente na Suíça, uma em cada cinco pessoas em idade laboral ativa é originária de um dos países que formavam a antiga Jugoslávia. Da Alemanha são originárias 13 por cento, seguindo-se Itália (10%) e Portugal (9%).

De acordo com estatísticas oficiais, a imigração na Suíça aumentou 15 por cento em 2011, face ao ano anterior. Em dezembro de 2011, viviam na Suíça, país com pouco menos de oito milhões de habitantes, 1,77 milhões de estrangeiros.

A principal conclusão do relatório da OCDE hoje divulgado é a de que "a integração dos imigrantes na Suíça é bem sucedida", embora continue a ser "necessário dar uma atenção maior aos grupos vulneráveis".

A análise da OCDE aponta outras fragilidades na política suíça. Por exemplo, a dificuldade em obter a nacionalidade suíça é um obstáculo à integração dos imigrantes: normalmente exige-se um mínimo de doze anos de residência no país antes da candidatura à nacionalidade, período que não tem igual entre os países da OCDE.

Simultaneamente, os filhos de imigrantes com níveis de ensino mais baixos tendem a ter menores resultados educativos também, o que os coloca "nas margens do mercado de trabalho", alerta a OCDE, defendendo como "prioridade urgente" a adoção de medidas vocacionadas para a integração das crianças a partir dos três anos, antes da entrada no ensino oficial.    

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