A idade não é obstáculo ao desejo de muitos portugueses procurarem uma vida melhor em Londres, onde ficam com familiares ou amigos enquanto procuram qualquer tipo de trabalho.
Cinquentenário, Arlindo Pardal, residente em Barcouço, no concelho da Mealhada, chegou a Londres em Janeiro depois de fechar portas à mercearia que tinha em Portugal.
«Tive problemas em Portugal com o estabelecimento que tive e fiquei a dever alguma coisita a fornecedores e eu quero pagar e foi o que me trouxe cá, para ver se conseguia porque aqui sempre se ganha melhor», explicou à agência Lusa.
Acompanhado da mulher, começou por ficar com «pessoas conhecidas» fora de Londres mas para ser mais fácil arranjar trabalho alugou um quarto mais perto de Stockwell, no sul da cidade, onde está concentrada a comunidade portuguesa.
Passou a frequentar uma agência de emprego portuguesa porque não fala nem percebe inglês, todavia nem para limpezas tem conseguido oportunidades e começa a ficar preocupado com os custos do alojamento.
«Está a ficar complicado, [por causa do] pagamento semanal, o pouco dinheiro que trouxemos vai-se esvaziando», reconhece.
Sabia que «ia ser difícil» mas quer trabalhar para pagar as dívidas, senão terá de voltar a Portugal pior do que quando partiu.
«Eu só queria estar aqui dois anitos, não vim aqui para enriquecer nem vim para morrer aqui, só queria dois anitos, era suficiente para mim», garante.
Já Nair Ferreira, de 49 anos, está disposta a trocar uma posição na função pública como cozinheira numa escola por um trabalho em Londres.
Chegada em Dezembro, tirou um ano de licença sem vencimento para acompanhar o filho que veio tirar um curso superior de informática.
Deixou Sintra pelos arredores da capital britânica, onde está a viver em casa de familiares, mas as numerosas buscas na internet e em agências de emprego têm sido infrutíferas.
«Pensei que fosse mais fácil que no primeiro ou segundo mês não arranjasse trabalho mas que depois conseguisse», admitiu à Lusa.
Até para lavar pratos «começa a ser difícil», queixa-se Luís Filipe, de 21 anos e natural do Funchal.
Está desde Agosto em casa de familiares e é a este tipo de trabalhos que se tem candidatado porque não exigem qualificações nem grandes conhecimentos da língua.
Veio porque «estava difícil arranjar trabalho» na Madeira mas o que encontrou em Londres não foi melhor, nem para jovens.
Mas Tânia Correia, de 23 anos, alega que não tinha alternativas para ficar na sua Lousã porque, após cerca de dois anos desempregados, ela e o namorado perderam o subsídio que cobria as despesas e o pagamento da hipoteca da casa.
Deixaram a filha menor com uma das avós e instalaram-se há três semanas em casa da cunhada perto de Londres.
Enquanto Tânia Correia continua a procurar empregos temporários, a situação melhorou porque o namorado foi aceite numa formação para trabalhar num bar.
O próximo passo, adiantou a portuguesa, será encontrar alojamento próprio e ir buscar a filha assim que conseguir orientar as coisas.
Lusa/SOL, aqui.