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Le Pen diz que portugueses não são problema mas cada país deve enfrentar crise "por si"
2012-04-06
Jean Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional (FN), partido da extrema-direita francesa, considera que os portugueses em França não são um problema, mas defende que os países europeus devem enfrentar a crise "cada um por si".

Em entrevista à agência Lusa, o pai de Marine Le Pen, candidata da extrema-direita às eleições presidenciais de 22 de abril, afirmou que "a imigração europeia não coloca problemas" à França, e que, por isso, "o problema não se põe com os portugueses", mas antes com a "imigração dos países do terceiro mundo".

Em relação aos países europeus em crise, Jean Marie Le Pen considera que não há nada que a França possa fazer: "Foi a política levada a cabo pela União Europeia que nos levou a esta situação catastrófica de crise financeira e orçamental. Creio que os países têm que enfrentar, cada um por si, a sua própria situação", defendeu. Cada país, argumentou, "deve assumir a sua responsabilidade" porque "todos estão na mesma situação" e "não é dando dinheiro" aos países mais pobres que eles se "endireitam".

"Só através de uma política nacional poderemos sair dessa situação dramática. A Europa é um problema porque nos foi vendida como um elemento de progresso, que deveria assegurar a prosperidade, a segurança, e que produz o inverso. A Europa é atualmente a zona do mundo onde o crescimento é menos forte, para não dizer nulo", acrescentou.

A respeito da eleição presidencial que se avizinha, Le Pen afirmou esperar da filha Marine um resultado muito melhor do que o dele, mesmo o de 2002, quando passou à segunda volta e disputou o Eliseu com Jacques Chirac, que acabou por ser eleito com mais de 80 por cento dos votos.

"Ela é uma candidata muito boa, sem dúvida melhor do que eu: é mais jovem, é mais simpática, mais atraente do que eu era. E tem melhores resultados nas sondagens. Mas, sobretudo, a situação económica e social mudou muito e o empobrecimento do país fez um certo número de eleitores abrirem os olhos", afirmou.

Le Pen recusa a ideia de que o Presidente recandidato, Nicolas Sarkozy -- que prometeu uma reforma estrutural do espaço Schengen, e, sendo preciso, suspenderia os acordos agora em vigor -- esteja a roubar o discurso e as ideias à FN.

"Aquilo de que podemos acusar Sarkozy não é de dizer as mesmas coisas que Marine Le Pen diz. É de não ter cumprido com o que prometeu. Na realidade, ele pede aos eleitores um cheque em branco", disse.

Nas sondagens realizadas por diversos institutos durante o mês de março e no início do mês de abril, Marine Le Pen surge com intenções que voto entre os 13 e os 18 por cento, ocupando, na maioria dos casos, o terceiro lugar.

Os media franceses vêm, no entanto, chamando a atenção para a emergência do candidato da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, a quem as sondagens traçam uma rota ascendente, e a que às vezes é colocado à frente da extrema-direita.

O pai da candidata regressa à eleição de 2002 para argumentar contra Mélenchon: "Quando, em 2002, eu acabei por passar à segunda volta, era Arlette Laguillet [candidata da Luta Operária] que era apontada como "o terceiro homem". As sondagens davam-lhe 10 por cento, ela teve 5 por cento. A mim davam-me 10 por cento, eu tive 17. Creio que vai acontecer a mesma coisa com Marine Le Pen", disse.

De todo o modo, garante, se Nicolas Sarkozy, que surge nas sondagens muito colado ao socialista François Hollande (ora acima, ora abaixo), vencer as eleições, "a Frente Nacional será a principal força da oposição".

RTP, aqui.

 

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