É de Montegordo, vila do concelho algarvio de Vila Real de Santo António, que Félix Braz preserva algumas das melhores recordações de Portugal. Ali, deste 1975 e durante dez anos seguidos passou dois meses, na altura das férias, como recordou em 2007 numa entrevista a este jornal. "Tem uma praia bonita, grande, e come-se bem lá", sublinhou, num português correto e com acentuado sotaque algarvio. Depois, as visitas ao Algarve passaram a ser mais curtas, por «culpa» da carreira profissional e da vida política que entretanto abraçou.
Félix Braz foi vereador na Câmara de Esch-sur-Alzette entre abril de 2000 e Novembro de 2011, funções políticas que acumulava com o cargo de deputado no Parlamento luxemburguês. Em junho do ano passado anunciou que não se iria candidatar a um novo mandato autárquico para se poder dedicar plenamente às suas funções parlamentares, no seio do partido «Os verdes».
Em 1987 estava a estudar Direito na capital francesa e era correspondente da RTL, a rádio nacional luxemburguesa quando foi convidado a assumiu a emissão diária de um boletim de informações em português. Decidiu que o faria apenas durante um ano ao fim do qual regressaria a Paris. Mas não voltou, pois foi contactado por membros do partido «Os Verdes» com a proposta de ficar a trabalhar no Parlamento. "Aceitei, também por um ano, mas nunca mais sai", recordou a este jornal em 2007.
Está há 24 anos na vida política, primeiro como secretário do Grupo Parlamentar Os Verdes, depois, em 1995 foi eleito Conselheiro Comunal. Em 2000 assumiu o cargo de vice-presidente da Câmara D'Esch-sur-Alzette e foi confirmado no cargo em 2006. Foi então eleito para o Parlamento luxemburguês, cargo que acumulou até 2011 com o de vereador na Câmara de D'Esch-sur-Alzette. " Tenho a possibilidade de fazer o trabalho que gosto", afirmou convicto a este jornal.
Como luso descendente, sublinhou que tenta realizar o seu trabalho "de forma a tratar os portugueses de maneira igual, nem melhor, nem pior". Talvez a verdadeira revolução seja essa: considerar as pessoas que vivem no Luxemburgo, independentemente da sua origem, só pelo seu valor como cidadãos e não perguntar se essa pessoa é portuguesa, luxemburguesa, francesa ou espanhola", sublinhava a este jornal.
A intervenção de portugueses e luso descendentes na vida política além-fronteiras, tem vindo a aumentar e a adquirir uma importância cada vez mais relevante. Nos dias 24 e 25 de Junho a sociedade portuguesa vai poder conhecê-los no I Encontro a realizar em Cascais, num evento organizado pelo jornal O Emigrante/Mundo Português com o apoio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Até lá, todas as semanas, damos a conhecer estes eleitos de origem portuguesa que podem ser um importante elo de união entre Portugal e os países onde residem e exercem os seus cargos políticos.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
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