Em declarações à agência Lusa, Francisco Seixas da Costa afirmou que considera "normal" a maior visibilidade dos luso-descendentes nas candidaturas às legislativas de domingo e de dia 17 em França, e enquadra essa evolução no "processo de integração e de ascensão social dos portugueses" no país.
"O que mais me preocupa e o que mais me interessa é perceber em que medida esses candidatos são, não apenas candidatos formais, para concentrar o voto dos portugueses, mas candidatos que têm realmente capacidade para ser eleitos e estar na Assembleia Nacional francesa", explicou.
Portugal, considera, não pode ter "uma noção 'patrimonialista' destes políticos". Eles são franceses, e estarão no seu parlamento "para defender os interesses franceses".
A eleição de deputados de origem portuguesa em França pode, "eventualmente, repercutir alguns interesses nacionais portugueses", mas, mais do que isso, significa "uma espécie de reconhecimento da integração dos estrangeiros e dos portugueses no quadro nacional francês".
"Nós não temos nenhuma agenda nacional portuguesa para projectar na política francesa", disse. Portugal tem "poucos casos de interesse bilateral que terão uma projecção na Assembleia".
Para o embaixador, é, do ponto de vista prático, mais relevante a possibilidade de ter eleitos a nível local, e de trabalhar a essa escala a influência da comunidade.
O diplomata destacou ainda o trabalho que a Embaixada vem desenvolvendo com o grupo de amizade França-Portugal, "num diálogo aprofundado e regular", que tem levado ao parlamento francês "algumas das preocupações de Lisboa", como é o caso do ensino na língua portuguesa.
"Temos vindo a fazer apelo da necessidade de uma consagração maior da língua portuguesa no ensino francês, em particular [defendendo a abertura de] mais concursos para professores de português, que permitiriam um crescimento ao nível do ensino secundário, e depois uma maior consagração ao nível das universidades", explicou.
A existência de "um ou dois deputados de origem portuguesa", considerou, "poderão titular esse apoio e esse interesse de uma forma mais profunda e mais afectiva".
Contudo, insistiu, estas pessoas "têm origem portuguesa mas são francesas".
Francisco Seixas da Costa assume que gostava de ver um ministro ou um secretário de Estado com nome português e lembra que hoje há já luso-descendentes em "lugares interessantes". Com o tempo, estima, chegar-se-á lá.
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