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Manny de Freitas: Ele é deputado no Parlamento da África do Sul
2012-06-08
Manny de Freitas começou sua carreira política a nível autárquico (em 1995), integrou depois o parlamento provincial (1999) e desde maio de 2009 ocupa um lugar na Assembleia Nacional da África do Sul. É o primeiro deputado sul-africano de ascendência portuguesa e o cargo foi o culminar de um percurso político que este filho de madeirenses, de 42 anos, assume ter sido longo por opção.

O percurso político iniciado a nível autárquico foi uma boa escola para Manny de Freitas, para quem os melhores políticos "são aqueles que começaram em cargos locais, autárquicos". "Quando chega a um cargo político de nível nacional, uma pessoa está melhor preparada, porque por um lado leva consigo o conhecimento de vários assuntos que atingem as comunidades locais, e por outro percebe com funcionam e como trabalham em parceria, as instituições políticas, desde as autarquias, às provinciais e às nacionais", explicou Manny de Freitas a O Emigrante/Mundo Português.
Foi mesmo esse o percurso do político luso sul-africano: Começou a sua carreira política a nível autárquico (em 1995), integrou depois o parlamento provincial (1999) e desde maio de 2009, Manny de Freitas, de 42 anos, ocupa um lugar na Assembleia Nacional da África do Sul. É o primeiro deputado sul-africano de ascendência portuguesa, eleito pela Aliança Democrática (AD) no círculo eleitoral da Província de Gauteng, que integra a cidade de Joanesburgo, onde reside a maior concentração de portugueses e luso descendentes naquele país.
Uma comunidade que na opinião de Manny de Freitas "mudou muito" em termos de participação cívica. "Os portugueses não se envolviam muito na política, mas essa realidade é agora diferente, porque os luso descendentes, apesar de manterem as suas raízes e cultura portuguesas, são sul-africanos, e participam mais na vida política", explica o deputado, orgulhoso do facto de em 2011, nas eleições autárquicas n sua área, ter havido, pela primeira vez, três candidatos de origem portuguesa pela AD. "Isso nunca aconteceu antes, eu fui o primeiro e era o único", recorda, crente que "pouco a pouco", a cultura de fraca participação política da comunidade portuguesa na África do Sul vai mudar. E não esconde o «sonho» de ver no seu país o mesmo número de  políticos portugueses e luso descendentes  que há em França.
A sua entrada na vida política, aconteceu sem nenhum planeamento e tudo começou com a libertação de Mandela. "Quando o Nelson Mandela saiu da prisão, gerou-se na África do Sul um ambiente de esperança num novo começo. Em 1993 achei que deveria contribuir de alguma forma para esse novo país e decidi ser militante no Partido Democrático (que deu origem à AD)", recordou. Em 1994 foi convidado pela direção da AD onde residia a trabalhar na campanha eleitoral para as presidenciais e um ano depois, surgiu outro convite, desta vez para concorrer nas primeiras eleições autárquicas democráticas do país. Não esperava, mas foi eleito, tornando-se no vereador mais jovem de Joanesburgo.
Seguiu-se a eleição em 1999 para o parlamento provincial de Gauteng, que reúne as cidades de Pretória e Joanesburgo. "Foi aí que comecei a construir as estruturas dentro do partido, a aproximá-lo da comunidade portuguesa e de outras e a mostrar-lhes a diferença entre nós e o ANC (Congresso Nacional Africano). Até então eram poucos os eleitores da AD", recordou Manny de Freitas, acrescentando que a sua zona política acabou pró se tornar aquela com mais eleitores da AD em Gauteng.
O cargo de deputado nacional foi o culminar deste percurso político que o filho de madeirenses assume ter sido longo por opção. Embora tenha responsabilidades políticas a nível nacional, e passe a semana na Cidade do Cabo, onde está implantado o parlamento, Manny de Freitas regressa ao fim da semana ao seu eleitorado. "A minha zona eleitoral, todo o sul de Joanesburgo, é muito importante para mim. Está a duas horas de viagem do Cabo, mas a cada fim-de-semana regresso para estar com a minha gente, e trabalhar lado a lado nas questões que os atingem e devem ser levados ao Parlamento", afirmou, revelando que o desemprego, a criminalidade e insegurança, a habitação e a pobreza são os problemas que mais atingem o seu eleitorado.
Em fevereiro de 2012 o deputado foi escolhido pelos seus pares para o cargo de ministro sombra de Administração Interna, depois de em 2009 ter sido escolhido para a vice-ministro sombra dos Transportes. "É para mim um privilégio fazer este trabalho, porque temos ainda que construir o nosso país, aqui há muitos problemas a resolver", afirmou.
Manny de Freitas diz que não é fácil ser oposição na África do Sul, por causa do "ambiente difícil" de convivência com o ANC, mas admite que a "insistência" de Nelson Mandela" na aprovação de uma Constituição "que protege todos os partidos", foi crucial. "Podemos fazer o nosso trabalho e melhorar a nossa democracia, sem ter medo", destaca o deputado luso sul-africano, lembrando que o país tem ainda um longo caminho a percorrer. "Somos uma democracia muito jovem, com apenas 17 anos, e temos ainda que construir um país novo. Há muito por fazer e mudar em relação ao que o anterior regime de apartheid fez", frisa.

ENCONTRO MUNDIAL DE LUSO-ELEITOS
A intervenção de portugueses e luso descendentes na vida política além-fronteiras, tem vindo a aumentar e a adquirir uma importância cada vez mais relevante. Nos dias 24 e 25 de Junho a sociedade portuguesa vai poder conhecê-los no I Encontro, a realizar na vila de Cascais, num evento organizado pelo jornal O Emigrante/Mundo Português com o apoio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Até lá, todas as semanas damos a conhecer eleitos de origem portuguesa que podem ser um importante elo de união entre Portugal e os países onde residem e exercem os seus cargos políticos.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org

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